Exportação de carne deve seguir crescendo em 2021

Exportação de carne deve seguir crescendo em 2021

Expectativa da Abiec é que embarques de cortes bovinos avancem 6% e elevem a receita em 3% na comparação com os resultados deste ano

Cíntia Marchi

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A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) prevê que o volume e o faturamento das exportações de carne bovina crescerão em 2021, mas em percentuais menores que os alcançados em 2020. Em entrevista coletiva  virtual, ontem, o presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli,  destacou que a pandemia da Covid-19 impõe incertezas e projeções conservadoras, mas que o Brasil está pronto para atender as necessidades de reposição dos estoques de carne no mundo. “Após a vacina (contra o coronavírus), achamos que demanda vai a ser ainda maior”, avalia.

A previsão é que a cadeia da carne bovina fechará 2020 embarcando o volume recorde de 2,02 milhões de toneladas, uma alta de 8,8% em relação a 2019. Já, as receitas devem alcançar 8,53 bilhões de dólares, valor 11,8% superior ao do ano passado. Para 2021, a expectativa é de um incremento de 6% no volume e de 3% no faturamento sobre o concretizado neste ano.

A China respondeu, em 2020, por 42,3% do total exportado pelo Brasil (780 mil toneladas de janeiro a novembro) e a Abiec afirma que há espaço para ampliar este volume. Camardelli informou que a entidade vem trabalhando com as autoridades chinesas a liberação da exportação de miúdos e de carne com osso, também com a expectativa de melhor precificar a proteína que segue para o gigante asiático. “A carne com osso é um mercado muito remunerador”, explica.

Segundo Camardelli, as garantias sanitárias dadas pelo Brasil e o aumento do consumo pela população chinesa  levam a crer que os pecuaristas brasileiros continuarão desfrutando das oportunidades abertas por aquele país nos próximos anos. Informação obtida pela Abiec dá conta de que, em 2027, a China demandará 8 milhões de toneladas de carcaça de carne bovina. Desta forma, o dirigente considera que, além dos estados brasileiros continuarem avançando na busca do status de febre aftosa sem vacinação, as plantas frigoríficas devem permanecer trabalhando para conquistar a habilitação para exportar para aquele país. Segundo Camardelli, 26 plantas, sendo uma do Rio Grande do Sul (Frigorífico Silva, de Santa Maria), já têm documentação pronta para possível liberação pela China.

Além disso, o Brasil vem mantendo negociações com mercados potenciais, como Japão, Coreia do Sul, México e Canadá. Juntos, eles importam 1,3 milhão de toneladas de carne in natura ao ano. A Abiec acredita que o Brasil poderá abocanhar 20% desta fatia. Outra meta é destravar os mecanismos que têm impedido a aumento da exportação para a União Europeia (UE), bloco que tem apetite pelos cortes nobres. Em 2020, até novembro, a UE comprou 89 mil toneladas de carne bovina brasileira, 9,5% menos que em 2019.


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