Fertilidade do solo começará a melhorar em longo prazo

Fertilidade do solo começará a melhorar em longo prazo

Aporte de insumos começará a diminuir à medida que o processo de ciclagem e reciclagem avançar, projeta o professor de Física do Solo da UFRGS Michael Mazurana

Itamar Pelizzaro

Emater/RS-Ascar já viabilizou em torno de 4,6 mil análises de solo

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A paisagem remanescente da enchente é um ponto de inflexão para o produtor rural, que estava mais acostumado a enfrentar erosões pontuais, resolvidas com uma grade e fechamento do solo.

“Passaram quatro meses da enchente e tem gente que não consegue entrar com a máquina, porque ficou até dois metros de sedimentos”, diz o professor de Física do Solo da UFRGS Michael Mazurana.

A expectativa dos especialistas é que, frente à tragédia climática de maio, o sistema se reorganize em longo prazo.

“O aporte de insumos começa a ser gradativamente menor e começa a ter processo de ciclagem e reciclagem desse material”, explica o professor.

Com o sistema funcionando, o agricultor deve pensar em plantar cultivares de ciclos diferentes, que abrem janelas de semeadura pós-plantio para o mix de cobertura, que pode ter aveia, com nabo forrageiro, ervilhaca ou semente salvas, para manter o solo coberto.

“Só vai ter o bom depois se eu sobreviver hoje. E aí, num intervalo de cinco anos para mais, o produtor começa a ter um desenho de sistema. Isso não é só com tecnologia externa, mas pela mudança de mentalidade do produtor”, afirma.

O diretor do DDV/Seapi, Ricardo Felicetti, diz que o Estado está buscando soluções para o produtor e estruturando um programa de solos dentro do Plano Rio Grande. O objetivo é apoiar ações, oferecer, assistência técnica continuada e recursos para uma produção conservativa e sustentável.

As tecnologias agrícolas já são consolidadas e integram o Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC+RS), com foco em conservação do solo e da água, em produção sustentável e resiliência aos impactos climáticos.

“Também buscamos um programa de fomento em nível estadual, federal e internacional, que pretendemos lançar para contemplar a safra”, adianta Felicetti.

O público-alvo é composto pelos produtores que “precisam pagar as contas e que, com alto grau de endividamento e com a perturbação que sofreu, vai primar pela produção imediata”, declara Felicetti.

O gerente técnico estadual da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, salienta que entidades e prefeituras atuam para ajudar o produtor. Só a Emater/RS-Ascar já viabilizou em torno de 4,6 mil análises de solo recolhido em vários municípios e orienta o produtor a avaliar a nova realidade.


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