O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana com negociações pontuais e ritmo moderado, refletindo a cautela dos agentes diante das condições climáticas e da aproximação da safra nova. De acordo com o analista de Safras & Mercado Elcio Bento, apesar do bom desenvolvimento das lavouras nas principais regiões produtoras, “os agentes permanecem reticentes em atuar com maior intensidade, em razão das incertezas climáticas que ainda pairam sobre o ciclo”.
No Rio Grande do Sul os compradores seguem retraídos, aguardando que o ingresso da nova safra pressione as cotações. As vendas externas continuam, mas em volumes reduzidos e com preços próximos de R$ 1.160 por tonelada sobre rodas no porto de Rio Grande, com entrega prevista para novembro e dezembro.
E no Paraná, onde mais de 60% da área já foi colhida, as indicações de preço permanecem entre R$ 1.200 e R$ 1.250 por tonelada CIF moinho, enquanto os produtores demonstram interesse de venda a partir de R$ 1.250 no FOB. Segundo Bento, essa diferença de preços mantém o mercado lateralizado. Ele explica que “as indústrias seguem abastecidas e preferem aguardar maior clareza sobre a qualidade do trigo colhido e o comportamento das cotações nas próximas semanas”.
Ele acrescenta que as tradings estão pagando valores semelhantes aos do trigo argentino, “o que representa um prêmio positivo de até US$ 10 por tonelada, reflexo da melhor qualidade do trigo gaúcho e da vantagem logística do porto de Rio Grande”.
Nos estados do Cerrado, como Minas Gerais e Goiás, a colheita está praticamente concluída, com mais de 80% da safra já comercializada. Os preços médios estão ao redor de R$ 1.300 por tonelada FOB. Para Bento, o cenário é de equilíbrio frágil, no qual “os compradores esperam a chegada da safra nova para buscar preços mais baixos, enquanto os produtores resistem em negociar diante da incerteza sobre a qualidade final do grão”.
Fase final no RS
A cultura do trigo avança para a fase final do ciclo com adequado desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. De acordo com o relatório semanal da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (9), atualmente, 58% das lavouras estão em enchimento de grãos, 18% em maturação fisiológica e 20% ainda em espigamento e floração. A colheita está no início, com menos de 1% da área cultivada.
“O potencial produtivo permanece elevado, dependendo do nível tecnológico e das condições locais”, destaca a Emater. Nas lavouras de maior investimento, a expectativa chega a superar 3.900 kg/ha, enquanto áreas menos tecnificadas também apresentam desempenho satisfatório, sustentadas pela regularidade das chuvas.
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