Ministério fará "teste cego" com vacinas aplicadas em bovinos

Ministério fará "teste cego" com vacinas aplicadas em bovinos

Imunizações são apontadas como responsáveis pela formação dos abscessos detectados por autoridades sanitárias dos EUA

Agência Brasil

Intenção do teste é detectar as marcas e as localidades em que os problemas, decorrentes da vacinação, estão mais presentes

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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou nesta sexta que o ministério realizará "testes cegos" com vacinas contra a febre aftosa aplicadas em bovinos. As vacinas são apontadas como responsáveis pela formação, na carne bovina, dos abscessos - inflamação em cavidades formadas nos tecidos - detectados por autoridades sanitárias dos Estados Unidos e que levaram à suspensão da importação da carne brasileira in natura.

De acordo com o ministro, o teste foi proposto pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "Há uma proposta da própria Embrapa, e a gente vai adotar isso, de fazer um teste cego. Você pega várias vacinas e vai aplicando nos animais e acompanhando", explicou.

Segundo Maggi, a intenção do teste é detectar as marcas e as localidades em que os problemas, decorrentes da vacinação, estão mais presentes. "Pedi uma investigação no Ministério da Agricultura com respeito às vacinas. Estamos fazendo um mapeamento dos frigoríficos e das nossas superintendências para saber onde tem mais problema ou não, a marca da vacina, tudo. Vamos fazer um levantamento e rastrear todo o processo", disse.

Na última terça, o Ministério da Agricultura determinou aos frigoríficos brasileiros que carnes in natura de cortes dianteiros a serem exportadas aos Estados Unidos sigam apenas na forma de recortes, cubos, iscas ou tiras. Segundo nota divulgada pela pasta, a medida visa a facilitar as negociações para retomar as vendas para aquele mercado. Em junho, os Estados Unidos suspenderam a importação de carne fresca do Brasil.

"Não há problema em a gente mandar as peças menores. Está sendo retalhada, porque a carne que vai para lá é um processo industrial. Ela vai ser moída para fazer hambúrguer. Os frigoríficos aqui no Brasil estão abrindo as peças, verificando com muito cuidado, inspecionando, e a gente espera ter resolvido esse problema", disse Maggi.

China

O ministro minimizou os questionamentos apresentados pela China em relação à carne in natura brasileira, após a suspensão da venda para os Estados Unidos. "Eu considero isso, dentro do ambiente que nós estamos vivendo, normal. À medida que sai uma notícia em qualquer um dos países que achou algum defeito, que faz alguma consideração, é natural que os outros o façam também. Como nós faríamos com os demais", disse.

O ministro admitiu, no entanto, que a situação tem gerado um "desconforto" aos exportadores brasileiros. "O mercado não é feito no abraço, no beijo, ele é feito na cotovelada, feito com muita pressão, a concorrência é muito grande. Os Estados Unidos voltarem (a vender carne) para o mercado chinês, isso é um desconforto para o Brasil, um desconforto bastante grande, mas é natural do mercado", disse.

Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a venda de carne fresca para os Estados Unidos representa apenas 2% das exportações totais brasileiras. Tradicionalmente, o país vende carne industrializada para o mercado norte-americano, cujas exportações não foram afetadas. No primeiro semestre, o Brasil embarcou 14 mil toneladas de carne fresca para os Estados Unidos, que totalizaram US$ 59 milhões. No ano passado, o país tinha vendido apenas US$ 121 milhões de carne in natura para os consumidores norte-americanos.

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