Com o restaurante da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) lotado e direito a discursos abordando os problemas do Estado diante dos extremos climáticos, o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Faculdade de Agronomia da UFRGS e o Instituto Desenvolve Pecuária lançaram ontem a 20ª Jornada NESpro e Congresso Internacional de Criadores. O evento vai acontecer nos dias 17 e 18 de junho, pela primeira em um shopping, o Barrashoppingsul, na zona sul de Porto Alegre.
Em sua saudação inicial às autoridades e à imprensa, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou os dilemas enfrentados pelos produtores gaúchos nas últimas safras, devastadas por estiagens e pela enchente.
“Nunca vivenciamos uma crise (no agronegócio) tão forte como agora”, disse, ao reconhecer as dificuldades para negociar o endividamento do campo com o governo federal.
Pereira destacou ainda a importância da pecuária gaúcha e de eventos que reúnam inteligência para resolver o que precisar ser resolvido.
A programação da jornada e do congresso reúne especialistas nacionais e internacionais, que vão abordar desde mudanças climáticas, eficiência produtiva e gestão, passando pela saúde humana e nutrição animal. Um dos destaques será a mesa-redonda que reunirá produtores de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para trocar experiências e debater soluções em um panorama regional.
O coordenador do NESPro, professor Júlio Barcellos, enfatizou a importância da resiliência para os produtores diante dos desafios climáticos e conjunturais.
“As soluções exigirão adaptações, inclusive na escolha da raça, que deve ser cada vez mais compatível com o nosso clima”, comentou.
Barcellos salientou o caráter inovador de realizar um evento voltado ao agro em um ambiente urbano como o shopping, com estrutura diferenciada que inclui uma tela de 15 metros no palco e outros itens que prometem surpreender os participantes.
A presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli, chamou a atenção para as oportunidades que ocorrem em momentos de crise e defendeu que é a hora de pensar em um futuro mais promissor para a pecuária. “Nós somos grandes insistentes e continuamos esperançosos para desenvolver uma atividade de sucesso”, afirmou. Para Antonia, o pecuarista gaúcho precisa melhorar sua capacidade de gestão, organizando os números da propriedade, para ficar menos suscetível às questões dentro e fora da porteira.
