Operação-padrão de fiscais agropecuários atrasa liberação de cargas na fronteira

Operação-padrão de fiscais agropecuários atrasa liberação de cargas na fronteira

Movimento preocupa avicultores, que, após quebra da safra gaúcha, aumentaram importações de milho do Paraguai para uso em rações animais

Patrícia Feiten

Caminhões transportando produtos agrícolas aguardam procedimentos de vistoria do lado paraguaio

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A operação-padrão dos auditores fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na fronteira com o Paraguai é motivo de transtornos para o setor de proteína animal. De acordo com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o movimento, que consiste na inspeção mais minuciosa de cargas, vem gerando filas de caminhões no posto de controle de Foz do Iguaçu, no Paraná, trazendo prejuízos às empresas que estão importando milho do país vizinho. O cereal é usado na composição das rações animais, e a estiagem que assolou a produção gaúcha no verão trouxe dificuldades de abastecimento às indústrias.

Segundo o presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos, o tempo máximo de espera para liberação dos caminhões, que era dois dias, pode chegar a 10 dias, elevando os custos logísticos das empresas. O problema afeta principalmente as grandes cooperativas do setor, afirma o empresário. “Se a operação continuar, a tendência é diminuir a produção. Estes grandes grupos vão comprar o milho aqui dentro e vai faltar para os pequenos e médios produtores de aves e suínos”, diz. Como alternativa, acrescenta Santos, as indústrias vêm buscando viabilizar as importações pelo posto de controle do município gaúcho de Porto Xavier, na fronteira com a Argentina. 

O auditor fiscal federal agropecuário Marcelo Tursi Toledo, que atua no Paraná, destaca que o gargalo na liberação de cargas começa no lado paraguaio, nos dois portos secos da chamada aduana integrada em Ciudad del Este, onde há cerca de 2 mil caminhões parados com produtos agrícolas aguardando inspeção. Ele explica que os servidores costumam atravessar a fronteira e iniciar os procedimentos no país vizinho, para dar agilidade à fiscalização. O serviço brasileiro, porém, conta com apenas seis profissionais para a vistoria de itens de origem vegetal. “Como temos poucos fiscais, só um consegue ir para lá (Paraguai), isso faz com que se acumule trabalho”, afirma Toledo.

Iniciada em dezembro de 2021, a operação padrão foi encerrada em março e retomada no dia 2 de maio. Os servidores pressionam por reajuste salarial, reestruturação de carreiras e concurso público. Nesta quarta-feira, o ANFFA Sindical, que representa a categoria, fará assembleia para votar a possibilidade de paralisação a partir de segunda-feira, informa a delegada sindical da entidade no Paraná, Márcia Nonnemacher.


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