Porto de Rio Grande pronto para embarcar a safra

Porto de Rio Grande pronto para embarcar a safra

Infraestrutura é elogiada por entidades do agronegócio, mas há ressalvas quanto às rodovias

Nereida Vergara

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A estrutura oferecida pelo Porto de Rio Grande deve garantir o escoamento da safra estadual de soja 2020/2021 – projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 20 milhões de toneladas – sem sobressaltos. Com as obras inauguradas no ano passado, que elevaram a profundidade do calado para navegação e passaram a permitir a entrada de navios de grande porte, o porto tem hoje uma capacidade total de operação de 40 milhões de toneladas, podendo chegar a 55 milhões de toneladas, calcula o superintendente do Portos RS, Fernando Estima. 

No caso da soja, o superintendente afirma que a estrutura atual de recebimento e embarque permite atingir até 25 milhões de toneladas, suportando um crescimento na produtividade da safra por pelo menos mais cinco ou seis anos. Estima adianta que está em andamento um projeto de ampliação do terminal Termasa, com investimento de R$ 700 milhões, para ampliar ainda mais a capacidade a partir de 2030. “Essa perspectiva se baseia na evolução do potencial produtivo do Estado”, salienta. Do ponto de vista da logística de chegada no porto, ele diz que ainda há o que melhorar, com a conclusão das obras da BRs 116 e 392.

O presidente da Comissão de Infraestrutura e Logística da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Fábio Avancini Rodrigues, concorda com o superintendente na visão de que o porto está preparado para a safra cheia. “Temos ótimas condições de escoamento, com uma estrutura moderna de carregamento e navegação”, observa. Em outra frente, Rodrigues aponta problemas que se arrastam há muito tempo, como o mau estado de estradas vicinais para retirar os grãos das propriedades, demora na atualização da malha rodoviária e subutilização de modais como ferrovias e hidrovias. “Precisamos avançar nestas questões”, ressalta. “Sabemos que a soja sairá do porto, mas antes ela precisa chegar.” 

Para armazenar uma safra tão grande, o Estado também não deve ter problema. O diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Sérgio Feltraco, explica que a quebra de 40% na safra de soja anterior diminuiu os estoques e deixou mais espaço disponível. “É bom lembrar também que muito da safra de soja já está contratada no mercado futuro, com previsão de embarque, o que permite escalonar o recebimento de novas cargas”, completa. 


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