Próxima colheita de soja será menor que a deste ano

Próxima colheita de soja será menor que a deste ano

Previsões de diversos órgãos indicam que safra sofrerá impacto da contenção dos investimentos

Correio do Povo

Soja poderá ocupar parte da área que foi reservada ao milho no ano passado

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou uma redução de 6,14% na produção brasileira de soja no ciclo 2017/2018 em relação à safra 2016/2017. Pela estimativa, o país deverá produzir 107 milhões de toneladas e não repetirá as 114 milhões de toneladas colhidas deste ano. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Emater concordam com a tendência de baixa. De acordo com a Abiove, o país deve produzir 4,4% menos e a Emater faz uma projeção de queda de 9,81% na colheita do Rio Grande do Sul, apesar de acreditar que a área plantada poderá aumentar 3,16%, chegando a 5,7 milhões de hectares.

O diretor da Corretora GrãoFortte, de Ibirubá, Valdir José Marques, observa que há dois fortes indicativos para uma produção menor na próxima safra. Um deles é que o produtor vai usar menos tecnologia na lavoura porque sua renda foi menor que a de anos anteriores em função da queda dos preços do grão. O outro é que dificilmente se repetirá o clima do ciclo passado, que foi favorável à soja do plantio até o fim da colheita.

O presidente da Aprosoja/RS, Luis Fernando Fucks, diz que a soja poderá ocupar parte da área que foi reservada ao milho no ano passado. No entanto, reconhece que o possível avanço da área plantada não se refletirá em uma safra maior. Para Fucks, o resultado da safra sofrerá impactos dos custos dos insumos, que se mantém elevados, crédito rural restrito e endividamento do setor. “O produtor não vai investir além do que pode”, prevê.

Para Fucks, quando o produtor colher a safra, no ano que vem, ainda poderá sofrer os efeitos da desvalorização cambial – o dólar, que esteve próximo dos R$ 4 em 2015, era cotado a R$ 3,09 ontem. “Teremos uma receita muito ajustada para bancar todos os custos”, calcula. Marques é mais otimista. Para ele, se o câmbio não desvalorizar mais e a demanda mundial por soja continuar crescendo na faixa de 4%, os preços tendem a ser melhores do que foram neste ano.

Levantamento da Conab indica que a China, o maior consumidor de soja do mundo, esmagará 92,5 milhões de toneladas de grãos em 2017/2018, um aumento de 6,94% em relação à safra passada. Marques acrescenta que a rentabilidade do próximo ciclo vai depender do tamanho da safra norte-americana e de melhorias na logística do Estado, já que a falta de investimento no Porto de Rio Grande se reflete na mobilidade dos caminhões e na renda do produtor. “Nos Estados Unidos, o custo logístico para colocar soja na China equivale à metade do nosso”, compara.

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