Preço projetado para o litro de leite cai 4,4% neste mês

Preço projetado para o litro de leite cai 4,4% neste mês

Valor de R$ 1,3710 ainda é 17% superior ao consolidado na mesma época em 2020, mas custos crescentes anulam efeito da alta para o produtor

Danton Júnior

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O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) indicou queda no preço de referência do litro de leite para fevereiro. No encontro mensal, ocorrido nesta terça-feira, a projeção foi de R$ 1,3710, o que representa redução de 4,4% em relação ao valor consolidado de janeiro, que foi de R$ 1,4341. A referência é 17% superior à cotação de um ano atrás, mas os produtores alegam que, desde então, o setor sofre com a alta acentuada dos custos, que anula a margem que ganhariam com a elevação.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, demonstrou preocupação com o cenário. Ele destacou que os preços estão em queda ao mesmo tempo em que os custos de produção apontam para cima. O cálculo é de que de janeiro para fevereiro, o preço do adubo subiu cerca de 20%. Nos últimos seis meses, rações e medicamentos tiveram reajustes de 45% e 40% respectivamente, segundo o dirigente. “Estamos vendo que produtores estão deixando a atividade e, se continuar assim, muitos outros vão sair”, advertiu.

Em alguns casos, os produtores migram para atividades que no momento estão mais rentáveis, como a pecuária de corte e a produção de grãos. Silva também cobra ações do poder público relacionadas à concorrência com os lácteos importados e pediu que a indústria olhe mais para o produtor, que “não tem para quem repassar o custo”.

Os representantes do setor concordaram em chamar o governo, o varejo e as redes de fornecedores para debater a pressão sobre a produção. O vice-presidente do Conseleite, Alexandre Guerra, alegou que as indústrias estão trabalhando com margens negativas, decorrente de fatores como o fim do auxílio emergencial, que reduziu o consumo; a suspensão da volta às aulas; a elevação dos custos; e a concorrência com os importados. “Este ano será de margens ajustadas para todos”, afirmou. De acordo com Guerra, além dos produtores, as indústrias também irão deixar o mercado se o atual cenário perdurar.

O secretário do Conseleite, Tarcísio Minetto, disse confiar na retomada do auxílio emergencial. “Os desafios são grandes, principalmente com a alta do dólar e dos insumos”, ressaltou. O professor Eduardo Finamore, da Universidade de Passo Fundo, ponderou que a expectativa é de que “os preços fiquem estáveis ao longo do ano”.


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