Produtores de leite precisam reduzir custos para quitar financiamentos
Diversificação das atividades ajuda família a se manter no campo em meio à queda do preço
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Nos últimos dois anos, a família investiu na compra de seis vacas, fechando um plantel com 34 animais e uma produção mensal de 12 mil litros. A ideia era que o aumento da produção ajudasse a bancar as aquisições feitas nos últimos anos, visando a profissionalização da propriedade e a redução do serviço pesado. Para isso, casal comprou um trator, montou uma nova sala de ordenha e adquiriu uma nova área de terras.
Agora, frente à crise, para conseguir quitar os financiamentos em dia a família tem tomado uma série de cuidados com o intuito de reduzir os custos de produção. Eles cultivam pastagens o ano todo, evitam serviços terceirizados, usam mão de obra familiar, melhoram a alimentação do rebanho, optam pelo uso de medicamentos homeopáticos em vez de antibióticos para evitar o descarte de leite por muitos dias seguidos. Um projeto que Egon pretende implantar é a fabricação de ração dentro da propriedade, já que atualmente o milho é transformado apenas em silagem.
Enquanto há planos, há esperança de dias melhores e de que os jovens se mantenham no campo. “Já conseguimos chegar ao nosso objetivo, que é deixar alguma coisa para os quatro filhos. E a gente vai seguir em frente enquanto der”, garante Christina. Mas muitos produtores próximos do casal Horst não conseguiram resistir. De acordo com a chefe do escritório municipal da Emater de Colinas, Lídia Margarete Muller Dhein, 19 dos 143 produtores de leite do município abandonaram a atividade somente neste ano.
Apesar de a produção de leite não ter caído na cidade, porque houve a migração de animais entre as propriedades, a crise é sentida pelo comércio local. “O impacto é duplo, porque as famílias diminuíram as compras para consumo próprio e também as compras para as vacas, já que não precisam mais suplementar a alimentação, não precisam de medicação, reduzem o uso de frete”, aponta o comerciante de um tradicional mercado da cidade, Ari Herrmann. “As famílias vão para o comércio com o dinheiro contado, escolhem o mais barato e levam o estritamente necessário”, acrescenta.