Produtores satisfeitos com novo sistema de confinamento animal

Produtores satisfeitos com novo sistema de confinamento animal

Produtor de Dois Irmãos fez pesquisa antes de escolher o Composto Barn e contabiliza primeiros bons resultados

Cíntia Marchi

Amadeu Rossa percebeu melhora na sanidade e aumento na produtividade das vacas desde que adotou novas práticas na propriedade

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Há 18 anos, Amadeu e Leonice Rossa, moradores de Dois Irmãos, no Vale do Rio dos Sinos, deixaram suas atividades no setor calçadista para retornar ao ambiente onde foram criados, o campo. As economias do tempo de fábrica foram aplicadas em uma estrutura para o gado leiteiro e para a instalação de uma agroindústria de envasamento do leite. Como o negócio deu certo, Amadeu passou a buscar, nos últimos anos, informações sobre um novo sistema que poderia adotar para melhorar o conforto das vacas e, ao mesmo tempo, reduzir a mão de obra da família. “Li bastante sobre o Free Stall, mas vi que não era um sistema muito confortável. Os animais ficam se pisoteando, gera muitos dejetos, o gasto com água é grande e o piso acaba ficando sempre molhado”, avaliou.

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Durante suas pesquisas, Amadeu descobriu o Compost Barn e considerou que esse era o modelo que atenderia suas exigências. Em maio de 2016, a família passou as vacas do pasto para dentro do galpão. Uma mureta de concreto em volta de toda a construção e o telhado com abas largas ajudam a evitar que a água da chuva molhe a cama, coberta por serragem. Duas vezes por dia, Amadeu usa o trator para revirar o material orgânico. O rebanho atual tem 54 animais da raça Holandês, mas ficam no estábulo de compostagem apenas as vacas que estão em baixa e alta lactação – aquelas em fase de pré-parto são abrigadas em uma construção separada. O espaço destinado para cada uma é de 13 metros quadrados.

Até o momento, o galpão gerou uma quantidade pequena de adubo que foi usado na lavoura de milho e na pastagem de verão. “Mas esse esterco, que não tem cheiro, despertou interesse de floriculturas da cidade, que já me procuraram”, conta o produtor, que não descarta a possibilidade de comercializar o adubo mais adiante.

Durante o verão, em parte do dia, o produtor tira os animais do galpão, já que a propriedade conta com sombra e córregos de água. No inverno, as vacas ficam o tempo todo confinadas. Além de ter percebido uma melhora na sanidade – problemas de mamite reduziram-se praticamente a zero –, Amadeu nota um aumento de produtividade. No sistema anterior, a média por vaca era de 20 a 21 litros de leite ao dia. Agora, varia entre 23 e 24 litros. Amadeu acredita que a produção tende a aumentar ainda mais à medida em que a reprodução das vacas e a sanidade também melhoram. Atualmente, a produção total oscila entre 700 e 1,3 mil litros por dia, dependendo do número de vacas em lactação. Todo o leite, na sua forma integral, é pasteurizado, envasado e distribuído no mercado local, um negócio que é promovido em parceria com a família do irmão de Amadeu.

Para o produtor, tão importante quanto o aumento da produtividade é a facilidade do manejo. “Antes tínhamos que buscar as vacas no pasto para a ordenha, fizesse chuva ou sol. Isso castigava muito. Agora, o Compost Barn reduziu pela metade nosso trabalho, gerou bem- estar para os animais e para as pessoas e menos dejetos para a natureza”.


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