Rio Grande do Sul tem ligeira queda na conexão rural

Rio Grande do Sul tem ligeira queda na conexão rural

Índice que mensura habilidade de dispositivo ou sistema se interligar a outros sofreu baixa 0,081 pontos, mas Estado ainda permanece acima da média nacional

Poti Silveira Campos
Entre outros aspectos, conectividade é fundamental para pleno aproveitamento de operações com máquinas agrícolas modernas

Entre outros aspectos, conectividade é fundamental para pleno aproveitamento de operações com máquinas agrícolas modernas

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O Rio Grande do Sul sofreu uma ligeira queda no índice de conectividade rural (ICR) entre 2024 e 2025. No ano passado, a pontuação do Estado era de 0,638. Agora, é de 0,557, uma diferença de 0,081. O valor, quanto mais o próximo de um, indica quanto maior será habilidade de um dispositivo ou sistema se interligar a outros, como computadores, redes e a internet.

Mesmo com a queda, o RS segue com um índice superior à média nacional, que subiu de 0,455 para 0,493, ocupando a 12ª posição entre as unidades federativas.

O ranking é liderado pelo Distrito Federal (0,754), São Paulo (0,720) e Sergipe (0,710). Os três estados da Região Sul, apresentam resultados semelhantes. O Paraná (0,558) está à frente do RS. Santa Catarina (0,549) aparece em terceiro lugar.

Desenvolvido pela organização sem fins lucrativos ConectarAgro, em colaboração com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), o índice de conectividade rural foi lançado na edição de 2024 da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), para mensurar a conectividade em áreas rurais e remotas do Brasil. A ferramenta ajuda a identificar as regiões que mais precisam de investimentos em conectividade.

Desempenho gaúcho

Comparando com dados publicados pelo Correio do Povo em 2024, Porto Alegre, por exemplo, baixou de 1,0 para 0,997 no ICR. Pelotas, de 0,6717 passou para 0,589. Em contrapartida, Cachoeira do Sul subiu de 0,3244 para 0,330, enquanto Camaquã avançou de 0,2657 para 0,375. Na avaliação de técnicos do ConectarAgro, a baixa na média estadual se deve a três fatores.

O mais relevante foi o “aumento significativo no número de imóveis rurais com Cadastro Ambiental Rural (CAR) ativo no estado, impulsionado pelas exigências da Lei do Georreferenciamento. Embora positivo do ponto de vista da formalização fundiária, esse crescimento inclui muitas propriedades ainda sem cobertura de conectividade, o que impacta negativamente” o índice.

Além disso, de acordo com ConectarAgro “observou-se a ampliação das áreas classificadas como de preservação ambiental dentro das propriedades rurais. Mesmo com avanços ou manutenção na infraestrutura de conectividade, o índice pode apresentar queda devido ao aumento proporcional dessas áreas protegidas”.

Por fim, o ICR “também sofreu impacto com variações nas matrículas escolares em áreas rurais e o fechamento de unidades educacionais no campo, que reduzem a pontuação do estado nesse componente do ICR”.

Crescimento no país

De acordo com ConectarAgro, a cobertura de 4G ou 5G nas áreas agrícolas brasileiras aumentou de 18,7% para 33,9%, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. A quantidade de imóveis rurais brasileiros que têm cobertura 4G ou 5G em toda área passível de uso agropecuário, também avançou: de 37,4% para 48,1%.

O aumento na média de ICR por municípios no país, de 0,455 para 0,493, no entanto, foi classificado como tímido pela organização.

Na avaliação da presidente da ConectarAgro, Paola Campiello, o novo levantamento de ICR, ao mesmo tempo que “destaca desigualdades ainda presentes, especialmente em regiões distantes dos grandes centros e entre diferentes perfis de produtores rurais, evidencia também um progresso claro: a digitalização do campo está se expandindo de forma consistente”.

Boa parte desse avanço vem de áreas localizadas ao longo de rodovias, como os trechos da BR-153 em Goiás e Tocantins e da BR-158 no Mato Grosso do Sul, que se tornaram corredores de conectividade para milhares de pequenas propriedades. Além disso, as mudanças no CAR, impulsionadas pela Lei do Georreferenciamento, contribuíram para a atualização dos dados.

Com mais imóveis formalizados, o índice se tornou mais representativo da realidade rural brasileira. Apesar dos ganhos, o relatório alerta que a exclusão digital ainda é um desafio para ser superado.

“Áreas com baixa cobertura enfrentam dificuldades para adotar tecnologias como IoT, agricultura de precisão e plataformas de gestão remota, limitando o potencial produtivo, sobretudo entre pequenos e médios produtores”, completa Paola.

Iot é a sigla em inglês para Internet of Things em inglês. Em português, a Internet das Coisas, a rede de dispositivos físicos, como sensores, máquinas e outros objetos, conectados à internet para coletar e trocar dados.

O ranking do Índice de Conectividade Rural

Distrito Federal – 0,754

São Paulo – 0,720

Sergipe – 0,710

Rio de Janeiro – 0,651

Ceará – 0,612

Pernambuco – 0,601

Paraíba – 0,601

Espírito Santo – 0,594

Alagoas – 0,566

Rio Grande do Norte – 0,571

Paraná – 0,558

Rio Grande do Sul – 0,557

Santa Catarina – 0,549

Minas Gerais – 0,490

Goiás – 0,362

Bahia – 0,361

Piauí – 0,322

Maranhão – 0,306

Pará – 0,285

Mato Grosso do Sul – 0,248

Tocantins – 0,233

Mato Grosso – 0,229

Acre – 0,193

Rondônia – 0,203

Amapá – 0,168

Roraima – 0,164

Amazonas – 0,124

Fonte: ConectarAgro


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