Setor ervateiro cobra regulamentação de lei que inclui produto na merenda da rede estadual

Setor ervateiro cobra regulamentação de lei que inclui produto na merenda da rede estadual

Itamar Pelizzaro

Ibramate se propõe a dar cursos para orientar sobre diferentes usos da erva-mate

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O setor ervateiro gaúcho aguarda há quase cinco anos a regulamentação de uma lei estadual que incluiu a erva-mate e seus produtos derivados no cardápio da merenda escolar da rede pública estadual. O Projeto de Lei 68/2018, do então deputado Gilberto Capoani, foi sancionado em em 2 de outubro de 2019 pelo governador Eduardo Leite, mas ainda não tem efeitos práticos. O Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate) entende que a inclusão do produto nas cozinhas escolares daria um impulso importante ao segmento, que tem produção em 178 municípios e emprega cerca de 120 mil pessoas em toda a cadeia. A entidade se propõe a ministrar cursos para orientar e capacitar merendeiras sobre diferentes usos da erva-mate.

O presidente do Ibramate, Alberto Tumelero, lembra que a erva-mate (Ilex paraguariensis) é um dos símbolos do gaúcho e patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. Ele diz que o consumo dessa planta medicinal, de comprovados benefícios para a saúde, depende de regulamentação para poder ser adquirida pelo setor público.

“Seria um passo muito importante. Se a erva-mate fosse usada seja dois dias por semana nas escolas, intercalado com café, por exemplo, usada na gastronomia como alimentação em bolos, lanches, com o valor nutritivo da erva-mate para enriquecer a dieta escolar, haveria aumento considerável do consumo, valorizando a cadeia produtiva, gerar novos postos de trabalho, renda e oportunidades” defende o dirigente.

Conforme o Ibramate, o consumo per capita no RS é de 9 quilos por habitante ao ano, perfazendo em torno de 100 mil toneladas anuais. “Se conseguíssemos agregar mais um quilo per capita com o consumo nas escolas e setor público, teríamos aumento de 10%”, projeta Tumelero. O presidente do Ibramate percebe que atualmente muitos jovens na faixa dos 15 de idade não tomam chimarrão, indicando desprendimento da cultura gaúcha.

O setor defende a liberação de recursos do Fundo de Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva da Erva-Mate (Fundomate) para desenvolver a atividade, promover cursos de capacitação, mateadas e eventos de incentivo ao consumo, além de se organizar para buscar novos mercados. Tomelero diz que o setor não tem condições de alavancagem com financiamento próprio.
Conforme o presidente, entidades do setor como o Ibramate e o Sindimate se propõem a fazer cursos de capacitação e orientar as merendeiras das escolas. Para isso, o Estado precisaria regulamentar a lei e autorizar a rede pública escolar a utilizar seu orçamento também para adquirir erva-mate e derivados.

”Escolas podem comprar café e refrigerantes artificiais que só fazem mal para a saúde, mas não podem comprar erva-mate, chá de mate e produtos derivados”, reclama.

O projeto de lei sobre o tema foi apresentado à Assembleia Legislativa em 2018 pelo então deputado Gilberto Capoani, tendo como justificativa que a erva-mate contém cafeína em quantidades importantes, bem como antioxidantes, potássio, aminoácidos e vitaminas. O governador Eduardo Lei sancionou a lei em outubro de 2019, mas o assunto carece de regulamentação.

A Casa Civil do governo estadual não se pronunciou sobre o pedido de regulamentação da lei e apenas informou que a erva-mate já é adotada pela Secretaria da Educação ao longo do ano. O governo estadual apresentou um cardápio sugerido para datas comemorativas, no qual a erva-mate aparece como sugestão somente durante a Semana Farroupilha, com uma indicação de bolo de erva-mate para o lanche da tarde.

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