Transição brusca para o La Niña eleva preocupação com geadas tardias no RS

Transição brusca para o La Niña eleva preocupação com geadas tardias no RS

Redução das chuvas e das temperaturas noturnas começa em agosto, mas projeção de inverno mais longo pode prejudicar lavouras em floração a partir de setembro

Thaise Teixeira

Flávio Varone afirma que chuva começa a diminuir em agosto no RS

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Após as chuvas de abril e maio beirarem os 900 milímetros em alguns municípios gaúchos, a expectativa acerca de mais um fenômeno La Niña traz apreensão à safra de inverno. O prognóstico apresentado pela Emater/RS-Ascar, nesta sexta-feira, aponta condições climáticas favoráveis à produção de trigo, canola, aveia e cevada, com estimativa de 5,28 milhões de toneladas neste ano. No entanto, para o cenário se concretizar, alguns desafios ainda precisam ser vencidos.

O primeiro é o atraso no plantio. Embora os produtores ainda estejam dentro da janela estabelecida pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), o alto volume de chuvas, verificado principalmente de 11 a 20 de junho, inviabilizou as operações e trouxe perdas a áreas recém-implantadas com erosão de solo e lixiviação de insumos.

“O plantio de inverno está atrasado no RS. Tivemos bastante problemas de solo. Essa chuva toda de abril e maio prejudicou bastante. Só a Fronteira Oeste ficou de fora da cota acima da normalidade”, comentou o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), Flávio Varone.

O segundo desafio deve chegar com as chuvas ainda previstas para julho, que pegam em cheio a região dos Campos de Cima da Serra, a última a implantar o trigo no Estado.

“Julho deve ter chuva dentro da normalidade. Quem conseguir recuperar o solo, pode plantar, que as condições climáticas serão boas e os próximos três meses serão de frio. O que faltam são dias mais secos para (a lavoura) germinar”, disse o meteorologista da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação e Produção Sustentável (Seapi).

Outro grande desafio está previsto para setembro, quando o trigo entra em floração e podem ocorrer geadas características do La Niña. Varone diz que a intensidade do fenômeno não preocupa, embora preveja um intenso período de transição.

“Ao longo de agosto e, principalmente, de setembro, teremos diminuição da chuva e as noites vão ficar mais secas. Isso traz a projeção de um inverno mais longo e a necessidade de cuidar com as geadas e com as geadas tardias”, recomendou o meteorologista.


Correio do Povo
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