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Em crise, transporte por lotações terá mudanças após decreto publicado pela Prefeitura de Porto Alegre

Na prática, Executivo busca que totalidade das empresas permissionárias cumpra linhas e horários

Prefeitura de Porto Alegre decreta mudança no sistema de operações das lotações de Porto Alegre
Prefeitura de Porto Alegre decreta mudança no sistema de operações das lotações de Porto Alegre Foto : Camila Cunha

Foi publicado, na terça-feira, no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa), o decreto que cria e autoriza o chamado Serviço de Transporte Público Coletivo Complementar de passageiros, em caráter experimental, por 12 meses. Este sistema, composto pelas lotações, e que está em estudo desde 2023, foi tornado público pela primeira vez em março, diante da queda acentuada de passageiros no chamado transporte seletivo e uma crise de confiança no modal admitida pela própria Administração.

Na prática, a Prefeitura deve passar a regular a totalidade das linhas destes veículos, algo que não ocorre atualmente, em que controla apenas uma fração delas, abrindo brechas para que as empresas possam estabelecer rotas e horários conforme vontade própria. O prefeito Sebastião Melo havia dito, na ocasião, que havia base jurídica para isto.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) serão responsáveis por estabelecer os critérios de operação, segurança e avaliação do novo serviço no município, com a SMMU afirmando em nota que o novo sistema deverá “qualificar o serviço prestado aos usuários”.

Além do dever de as permissionárias ingressarem em um consórcio, da mesma forma como hoje é feito com o transporte coletivo, as lotações precisarão cumprir itinerários e tabela horária definida pela Prefeitura, de acordo com estudos de demanda, e disponibilizar informações aos passageiros por meio de aplicativo com tecnologia de GPS.

Em setembro, em um dos mais recentes episódios relacionados à crise do sistema, a empresa Inovasul Transportes Seletivos Ltda., ou ZSUL, que opera linhas na zona Sul de Porto Alegre, anunciou a suspensão dos serviços nos bairros Restinga e Belém Novo pela falta do cumprimento de um suposto acordo por parte da Prefeitura, algo negado pela SMMU.

No final das contas, a situação foi esclarecida horas depois, e a suspensão não ocorreu. A ZSUL, inclusive, já precisa cumprir as exigências do Executivo em linhas e horários, por ter vencido a única licitação feita pela Prefeitura para operação de linhas de lotações, em razão da longa distância em que opera, do Centro Histórico até os bairros citados.

O projeto do transporte experimental, portanto, visa estender às demais operadoras as obrigações que esta companhia já possui. O transporte seletivo, conforme dados da SMMU, apesar de não transportar passageiros isentos, carregou cinco milhões de passageiros em 2023, contra quatro vezes mais, ou 20,4 milhões, em 2014. A passagem unitária do seletivo está em R$ 8.

Leia nota completa da SMMU

NOTA – Sistema de Transporte Complementar

Diante da crise enfrentada pelo sistema de lotações — que registra queda acentuada no volume de passageiros, na quantidade de linhas e no tamanho da frota, fortemente impactados desde a chegada do transporte por aplicativo —, a Prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU), publicou nesta terça-feira, 14, no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa), o Decreto nº 23.497, que cria e autoriza a operação do Serviço de Transporte Público Coletivo Complementar de Passageiros.

O novo modelo será implantado em caráter experimental, aproveitando a estrutura existente, pelo período de 12 meses, com o objetivo de reformular o sistema de transporte e qualificar o serviço prestado aos usuários. A medida permitirá que os atuais permissionários de lotação atuem em consórcio, sigam uma tabela horária definida pelo município e disponibilizem informações aos passageiros por meio de aplicativo com tecnologia de geolocalização (GPS).

As rotas e horários serão definidos pelo poder público, de acordo com estudos de demanda. O formato visa restabelecer a confiança na regularidade da operação e manter o conforto e a agilidade já reconhecidos pelos porto-alegrenses.

A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) serão responsáveis por estabelecer os critérios de operação, segurança e avaliação do novo serviço no município.

Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU)

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