Nova orientação fez BM rever decisão de utilizar Batalhão de Choque em Porto Alegre

Nova orientação fez BM rever decisão de utilizar Batalhão de Choque em Porto Alegre

Apesar da instrução de saída das vias do Centro, manifestantes seguem acampados na avenida Padré Tomé

Felipe Samuel

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Mesmo com a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para a prefeitura de Porto Alegre efetuar o desbloqueio das vias públicas nas proximidades do Comando Militar do Sul (CMS), muitos manifestantes seguem acampados na avenida Padré Tomé, entre as ruas Sete de Setembro e Siqueira Campos. Na noite de sexta-feira, a Brigada Militar deu prazo até a meia-noite para a retirada das barracas e o desbloqueio da via, mas a decisão foi revista pela corporação, que pretendia utilizar o Batalhão de Choque para dispersar o grupo.

Os manifestantes pedem intervenção das Forças Armadas e alegam suposta fraude no processo eleitoral. De acordo com o comandante 9º BPM, tenente-coronel Fábio Schmitt, a ideia de usar os policiais do Batalhão de Choque foi descartada “por conta de uma nova orientação”. “Inicialmente demos um prazo, mas depois retiramos”, reconhece. Ele reforça que a orientação é para que os manifestantes retirem os carros e comecem desobstruir a via para garantir o direito de ir e vir das pessoas. “Também orientamos que retirem as barracas pelo mesmo motivo”, completa.

Apesar da recomendação da BM, muitas barracas seguem instaladas no meio da avenida. Schmitt garante que agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) vão reforçar a fiscalização no local para evitar que veículos bloqueiem a pista. “A EPTC vai agir com multa e se necessário vai realizar a remoção dos carros”, afirma. Mesmo com a proximidade do feriado da Proclamação da República, em 15 de novembro, Schmitt afirma que não deve haver operação especial no entorno do CMS. Não existe operação específica para os próximos dias. Vamos continuar garantindo a segurança de todos”, destaca.

Enrolada em uma bandeira do Brasil, a terapeuta holística Tainá de Azevedo Vaz, 27, integrava o grupo de manifestantes que ocupava a via. “Estou na rua porque não reconheço o resultado dessas eleições”, afirma. Desde o fim das eleições, ela começou a participar dos atos em Porto Alegre. “Queremos uma resposta do TSE. Queremos que entreguem o código fonte para que seja feita uma auditoria 100% completa pelas Forças Armadas”, justifica. “Faz dois dias que eu não durmo, a gente está cansado, mas não vai desistir”, ressalta. O eletricista Marco Aurélio Selayaran, 62, se uniu ao grupo desde a tarde de sexta-feira.

Ele passou toda madrugada junto com os manifestantes. Pela manhã, varria a sujeira deixada na via em frente ao Museu do CMS. Selayaran critica o resultado das eleições. “Já fui a Brasília acompanhar os atos de 7 de Setembro”, afirma. A prefeitura informa que recebeu o ofício na tarde de sexta-feira e analisa a recomendação expedida. Além disso, ressalta que “irá prestar as informações pertinentes aos órgãos dentro do prazo estabelecido”. O prazo para responder ao MPF é de 24h, a partir do recebimento da recomendação.


Correio do Povo
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