Paralisação na Carris causa transtornos a passageiros em Porto Alegre

Paralisação na Carris causa transtornos a passageiros em Porto Alegre

Alguns alegaram não saber da greve e perderam compromissos nesta segunda-feira

Felipe Faleiro

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O impacto da greve dos rodoviários da Carris é sentido nesta segunda-feira em diversos locais de Porto Alegre, com usuários alegando não terem sido informados a respeito da paralisação e aguardando nas paradas de ônibus. Na parada da linha 353, próximo ao Mercado Público, no Centro Histórico, havia cerca de dez pessoas esperando o coletivo que não viria. “Desisti de tentar ir”, afirmou a estudante de Publicidade e Propaganda da PUCRS Mariana Paula Reis, moradora do bairro Espírito Santo. Ela disse que sabia da greve, porém buscou até o último minuto aguardar o coletivo no local. 

“Já perdi a aula também, e não sei se haverá algum tipo de prejuízo”, lamentou ela, que, logo após, deixou a parada com outras pessoas. O mesmo alegou João Henrique Schneider, acadêmico de Engenharia de Minas da UFRGS, que desconhecia a paralisação. “Isso é bem ruim, não tenho alternativa. Sou bolsista na universidade e isto requer que tenhamos presença”, afirmou ele, que faria encaminhamentos da bolsa ontem. 

Além da 353, outras linhas que deixaram de operar ontem foram a T2A, T3, T9, T10, T11.1, T13, C1, C3, C5 e 343. Em outras paradas do transporte coletivo na Capital, o movimento foi igualmente intenso, enquanto que em outros lugares, como nas imediações do Hospital de Pronto Socorro (HPS), houve menos pessoas aguardando. Na busca do Google Maps, quem inseria as linhas os endereços das paradas por onde passavam ônibus em greve recebia um aviso da paralisação.

Hoje, no começo da tarde, ocorrerá a abertura de envelopes da concorrência pública pela empresa. A disputa para a privatização da Carris foi estabelecida com proposta comercial mínima de R$ 109 milhões e inclui a venda de ações e bens, como ônibus e terrenos, e a concessão por 20 anos com a operação de 20 linhas da Carris – o que representa 22,4% do sistema de transporte coletivo da Capital.

Em protesto desde o início da manhã, em frente ao estacionamento da empresa, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa) garantem que não estão impedindo a saída dos ônibus. Conforme o presidente do Stetpoa, Adair da Silva, os trabalhadores também realizam a reposição de veículos que precisarem de manutenção.

“Em nenhum momento trancamos o portão e quem falar isso está mentindo. Os ônibus estão saindo normalmente e no momento em que um estraga, trocamos por outro”, afirmou o presidente do Stetpoa. "O povo de Porto Alegre não quer vender um patrimônio da cidade. A Carris não é da prefeitura, é do povo".

De acordo com o presidente da Carris, Maurício Gomes da Cunha, aproximadamente 40 mil cidadãos são prejudicados com a greve da categoria. Cunha, mesmo admitindo que há riscos de impugnação, está confiante que o leilão ocorra conforme previsto.


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