Previsão de chuva intensa e tempestade deixam RS em alerta nos próximos dias
Ciclone pode se formar no mar, mas distante da costa
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A MetSul Meteorologia alerta que dois episódios de chuva intensa e tempestades atingirão o Sul do Brasil em apenas cinco dias. O risco de temporais e possíveis inundações é válido para os três estados da região, especialmente no evento da semana que vem, mas o perigo de chuva excessiva com volumes muito expressivos é maior para o Rio Grande do Sul, onde os acumulados de precipitação devem ser bastante altos e dentro do que poderia se esperar em um mês de julho sob El Niño.
A instabilidade vai se dar em dois momentos. O primeiro, entre esta sexta e o começo do sábado, e o segundo, entre segunda e quarta-feira da próxima semana. Serão duas situações distintas de tempo severo, mas ambas trarão condições de risco de chuva excessiva e temporais.
Nenhuma delas se assemelha ao cenário dos dias 15 e 16 de junho, quando uma baixa pressão avançou do Sudeste para a costa do Rio Grande do Sul, gerando um ciclone extratropical muito perto da costa, o que levou a um evento de precipitação extrema.
Embora ofereçam significativos riscos para a população por excesso de chuva e tempestades que, localmente, podem ser severas, estes dois eventos previstos terão baixas pressões que se movimentarão de Oeste para Leste, o normal na região, e não como no evento de junho em que o sistema migrou em direção à costa, antes de afastar para mar aberto.
Primeiro evento meteorológico
A instabilidade aumenta na sexta com o deslocamento de uma frente fria e o aprofundamento de um centro de baixa pressão no fim do dia sobre o Nordeste do Estado. No sábado, entre a madrugada e de manhã, a instabilidade atinge o seu máximo de intensidade. Da tarde para a noite de sábado, com o afastamento da área de baixa pressão, a instabilidade cede e o tempo começa a apresentar gradual melhoria.
Nuvens carregadas se formam sobre o Rio Grande do Sul na sexta com chuva na maior parte do Estado. A chuva que será acompanhada de raios e trovoadas deve ser forte a intensa em alguns momentos. As condições atmosféricas se deterioram muito principalmente na segunda metade do dia, sobretudo à noite. No sábado, o período mais crítico será o da madrugada e da manhã com chuva forte e volumosa com raios e trovoadas.
O cenário é propício para pancadas por vezes torrenciais que podem gerar elevados volumes em curto período, assim que podem ocorrer alagamentos e inundações repentinas. Da mesma forma, a presença de nuvens carregadas com uma corrente de jato transportando ar quente e uma baixa pressão atuando, pode gerar temporais com alta incidência de raios, ocasional granizo e vento forte.
Estas nuvens carregadas não permitem se afastar vendavais em alguns pontos com rajadas mais fortes. Como vai estar chovendo muito, o solo fica mais instável e podem ocorrer quedas de árvores. Outro risco é de cortes de energia, mas, dadas as características deste evento, não se antecipa situação de desabastecimento de luz na escala do episódio do mês passado. Não vai esfriar muito porque não existe uma massa de ar frio de maior intensidade avançando no interior do continente. Por isso, a baixa pressão pode dar origem a um ciclone sobre o mar no fim de semana. Ele é distinto do registrado no mês passado, pois se ocorrer, será sobre o mar e mais distante da costa.
Segundo evento será de mais risco
A trégua da forte instabilidade será muito curta no Sul do Brasil. Um segundo evento de tempo severo é projetado para a primeira metade da próxima semana e este será mais abrangente e com potencial de ser mais forte e ter maiores impactos. Por isso, enquanto o primeiro evento – desta sexta e do sábado – vai afetar mais o Rio Grande do Sul, este segundo episódio de mau tempo terá maior impacto em Santa Catarina e no Paraná, além do RS.
Na segunda, fortes áreas de instabilidade se formam sobre o Paraná e começam a avançar de Norte para Sul, impulsionadas por ar muito quente que vai estar ingressando pelo interior do continente sobre o Paraguai. Isso vai gerar uma frente quente clássica, um fenômeno típico de inverno, que se propaga para o Sul e levará chuva e trovoadas com risco de temporais isolados até o fim do dia ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Na terça, a frente vai estar sobre o Rio Grande do Sul com chuva e temporais, enquanto ar muito quente cobre o Paraná, Santa Catarina e talvez o Norte gaúcho com sol e muito calor para esta época do ano. Ao longo do dia, à medida que ar muito gelado avança pelo interior do continente com um centro de alta pressão, a frente perderá suas características quentes e passará a ser uma frente fria.
Com efeito, a terça-feira é um dia de alto risco de chuva forte a intensa com altos volumes e ainda temporais que isoladamente podem ser fortes a severos com muito raios, granizo isolado e potencial para vendavais localizados. Na quarta, como frente fria, o sistema faz o caminho contrário da segunda-feira e avança de Sul para Norte, impulsionado por uma massa de ar polar. A frente se desloca com chuva e risco de tempestades pelo Sul do Brasil, atingindo ainda o Rio Grande do Sul no começo do dia e depois Santa Catarina e o Paraná. Até o fim do dia chegaria ao Centro-Oeste e ao estado de São Paulo, também com chuva e risco de temporais.
Volumes de chuva
Volumes muito altos de chuva e localmente excessivos devem ser esperados por conta destes dois episódios de instabilidade. Ambos trarão chuva volumosa e a soma da precipitação dos dois eventos fará com que os acumulados de chuva sejam bastante altos, em particular no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre e a Região Metropolitana, assim como os vales e as áreas do Nordeste gaúcho que sofreram com inundações em junho, estão na zona de maior risco de chuva volumosa. Assim que as comunidades destas regiões devem estar atentas à possibilidade de alagamentos e novas inundações. Mas não apenas estas áreas.
Outras regiões do Rio Grande do Sul que não sofreram impactos do sistema de junho também podem ter chuva volumosa e excessiva, como locais do Centro para o Oeste e parte da Metade Sul gaúcha. Também nestas áreas do território gaúchos os acumulados de precipitação até a metade da semana que vem devem ser bastante altos.
Desta forma, há potencial para cheias de rios em várias bacias do RS na metade deste mês. A identificação de quais rios têm potencial maior de cheias dependerá das projeções de chuva dos próximos dias e dos volumes que vierem a se precipitar nos dois eventos. O cenário de chuva do primeiro episódio de instabilidade parece consolidado, mas do segundo está sujeito ainda a mudanças.