Sistema de Monitoramento de Nível da Lagoa dos Patos é implantado em Rio Grande

Sistema de Monitoramento de Nível da Lagoa dos Patos é implantado em Rio Grande

Iniciativa é uma parceria entre a Portos RS e a Furg

Angélica Silveira

A iniciativa prevê a instalação de 12 estações de monitoramento em pontos estratégicos da orla da Lagoa dos Patos. Destes seis já foram instalados.

publicidade

Foi lançado oficialmente neste mês o sistema de monitoramento de nível da Lagoa dos Patos. A iniciativa é da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e da Portos RS. O projeto conjunto busca integrar dados para gestão ambiental e prevenção de desastres naturais, como a enchente do ano passado. A professora do Instituto de Oceanografia da Furg e coordenadora do Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (CIEX), Elisa Fernandes, explica que está prevista a instalação de 12 estações de monitoramento. Dessas seis já foram instaladas em pontos considerados estratégicos na margem oeste da Lagoa dos Patos, onde há municípios. "Nestes locais a infraestrutura estava mais pronta para receber o equipamento. Na margem leste é uma área rural então é necessário a realização de adequações para instalação dos instrumentos que irão monitorar o nível da lagoa do Canal de Itapuã, em Porto Alegre até os Molhes da Barra, localizados 20 quilômetros abaixo da cidade de Rio Grande", explica.

Ela lembra que a estação pioneira de monitoramento foi instalada junto ao Centro de Convívio dos Meninos do Mar da universidade em setembro de 2023. "Os dados obtidos na estação foram fundamentais para orientar a defesa civil e as forças de segurança da região nas enchentes do ano passado, mas vimos a necessidade de mais, Então apresentamos a proposta da instalação de uma rede completa que nos desse informações de toda a lagoa", relata.

A professora recorda que na época da enchente se tinha notícia que Porto Alegre estava alagada, que a água que estava lá chegaria na Lagoa dos Patos, mas não se tinha precisão exata de em quanto tempo isso iria ocorrer. "Tínhamos somente uma estimativa, que seria entre sete e 10 dias, agora temos a variação da Lagoa dos Patos em tempo real", garante. Ela acredita que as outras seis estações possam estar instaladas até o fim do mês de julho. A estação de monitoramento tem uma tecnologia desenvolvida inteiramente pela Furg, pelo grupo do professor do Centro de Ciências Computacionais Glauber Gonçalves. "A leitura dos equipamentos tem uma precisão de milímetros e como faz o registro com câmera com visor gravitacional o dado é auditável, ou seja, podemos avaliar a imagem da régua e conferir a informação disponibilizada", confirma. A rede de monitoramento de nível é parte de um ambiente virtual instalado na universidade chamado digital twin, que é um gêmeo digital da Lagoa que utiliza dados meteorológicos,,oceanográficos e geodésicos combinados com modelos de previsão hidrológica, meteorologia e hidrodinâmica. "Com isto teremos previsões em tempo real da variabilidade do nível em todo o corpo lagunar assim conseguiremos antever eventos extremos nos municípios às margens da lagoa", destaca O ambiente virtual estará instalado no Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (CIEX), da universidade que tem o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), com o apoio da Portos RS.

Além de monitorar eventos climáticos extremos, o sistema também se consolida como uma ferramenta de base científica aplicada à gestão pública e ao planejamento portuário, promovendo segurança, previsibilidade e resiliência.

O diretor de meio ambiente da Portos RS, Henrique Ilha lembra que há mais de 10 anos, existe a parceria com a universidade que monitora a fauna e os efeitos físicos no estuário da Lagoa dos Patos. " A parceria trabalha com botos, camarões, peixes, aves e também modelagem de corrente, como a água se comporta no estuário. Ao longo do tempo inserimos alguns medidores de níveis linígrafos", conta.

Ilha garantiu que todo o esforço da Portos RS está em auxiliar para que o Centro de Monitoramento cresça e passe a funcionar na totalidade. "Isto irá ajudar muito no sistema. É uma oportunidade de gerenciar todo o processo de decisão em relação a eventos extremos e também um suporte para a população e para a navegação da hidrovia, integrando os portos e dando mais segurança à navegabilidade", concluiu.

Veja Também


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895