Trensurb registra falhas e atrasos em dia de protesto dos metroviários

Trensurb registra falhas e atrasos em dia de protesto dos metroviários

Houve falha em uma composição, obrigando o tráfego em via única, o que gerou demora e o Aeromóvel também teve problemas de funcionamento

Felipe Faleiro

Usuários relataram atrasos de mais de 20 minutos, devido ao problema corrido com uma composição na Estação Fátima, em Canoas

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Estações lotadas e usuários aguardando mais de dez minutos foram presenciados no início da manhã desta terça-feira, na Trensurb. Foi o mesmo dia de uma mobilização do Sindicato dos Metroviários do RS (Sindimetrô RS), na qual os trabalhadores distribuíram panfletos nas estações Sapucaia e Mercado, tanto no começo do dia, quanto no final da tarde, contra o que consideram um desmonte do serviço de transporte na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Houve uma falha em uma composição da série 100, ou seja, um dos trens antigos, na altura da Estação Fátima, no município de Canoas, por volta das 5h35min, antes do horário de pico. Com isso, foi necessário o tráfego em via única, impedindo, portanto, que dois trens circulem ao mesmo tempo. A situação foi resolvida por volta das 8h e o intervalo das viagens, que pode chegar a cinco minutos no sentido Novo Hamburgo-Mercado, chegou a 12 minutos.

Nas redes sociais, houve reclamações de pessoas que disseram aguardar mais de 20 minutos. Mais tarde, na Estação Mercado, os trens chegaram lotados até por volta de 8h30min, depois do horário comumente de maior fluxo, refletindo os “atrasos pontuais” informados pela Trensurb. Já o aeromóvel até o Aeroporto Internacional Salgado Filho também apresentou problemas em razão de “falha no sistema de comunicação”, e, até ao menos o final da manhã, não reabriu para os usuários.

“Isto reflete o que vemos denunciando há algum tempo, que é o sucateamento da Trensurb. A empresa não faz manutenção, está deixando tudo caindo aos pedaços, para que a população se volte contra nós, e diga que precisa privatizar. Para nós, esta não é a solução”, comentou o presidente do Sindimetrô RS, Luiz Henrique Chagas, após as falhas de ontem. Inicialmente, o sindicato, cujos trabalhadores estão em estado de greve, fariam ontem uma nova paralisação, marcando o Dia Nacional de Lutas contra as Privatizações, Concessões e Terceirizações, ato previamente organizado pela Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro).

No entanto, as estações da Trensurb abriram normalmente e não haveria aumento no intervalo de viagens, não fosse a falha técnica, que não teve nenhuma relação com o ato do Sindimetrô RS, chamado de Café com Usuário. A ação iniciou às 6h em Sapucaia do Sul e Porto Alegre, e seguiu até pouco antes das 8h. No horário de pico da tarde, por volta das 17h, o material gráfico foi distribuído apenas na Estação Mercado.

No último dia 8, a Trensurb funcionou com intervalos de 20 minutos nas viagens durante todo o dia, em razão da paralisação dos trabalhadores, com maior adesão da equipe de segurança. Na ocasião, havia duas alegações principais: o descumprimento de cláusula do acordo coletivo, com o não-pagamento dos adicionais de risco e periculosidade, assunto levado para análise do Conselho de Administração da empresa, e no qual houve avanço nas negociações, e ainda a retirada da estatal do Programa Nacional de Desestatização (PND), que, embora tenha sido prometido pelo governo federal, segue sem ser cumprido, fato que causou insatisfação para o sindicato.

Em resposta ao anúncio da primeira mobilização, a Trensurb entrou, ainda no último dia 5, com ação declaratória de abusividade de greve junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT4), obtendo uma liminar na Justiça que estabelecia multa de R$ 100 mil por dia ao Sindimetrô RS caso houvesse bloqueio das catracas ou impedimento do acesso às estações pelos usuários no dia 8, o que, de fato, acabou não acontecendo. Na mesma data, o vice-presidente do TRT4, desembargador Ricardo Martins Costa, declarou que a paralisação parcial não foi abusiva.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895