Bicicleta e ônibus: conheça as propostas dos candidatos de Porto Alegre para a mobilidade urbana
Candidatos defendem protagonismo das bikes e prometem ampliação das ciclovias

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Se educação, saúde e segurança são competências tripartite (ou seja, dos municípios, estados e governo federal), o protagonismo da mobilidade urbana é maior dos prefeitos.
Dos oito postulantes, seis apresentaram propostas para melhorar a circulação dentro da Capital e, diferente de outros temas, aqui só uma proposta encontrou eco, em maior e menor escala, dentro do plano da maioria dos candidatos: a necessidade de revisão do plano cicloviário. O prefeito Sebastião Melo (MDB) afirma que o projeto já começou, mas promete que será prioridade e envolve a integração entre as ciclovias, os terminais de transporte coletivo e outros pontos de circulação, como universidades e hospitais.
Defendendo medida semelhante. A candidata do PT, Maria do Rosário, também quer a criação de um "cartão mobilidade". Ele centralizará todos os sistemas de mobilidade da cidade, como os alugueis de bicicletas, patinetes elétricos, ônibus e demais.
No plano de Juliana Brizola (PDT) a ideia é expandir o uso das bicicletas na cidade. Ela promete ampliar a rede cicloviária para 150 km em 2030, implementando 20 km de ciclovias por ano. Também promete instalar "centenas" de novas vagas de bicicletários e 100 estações de manutenção básica de bicicleta pela cidade. Assim como Rosário, também prevê uma integração entre os sistemas tarifários com os demais modos de locomoção.
Luciano Schafer (UP) também aborda o assunto, com a ideia de implementar um sistema público de bicicletas compartilhadas.
Mudanças no transporte coletivo não é convergência
No caso do transporte coletivo, que figura em quase todos os planos de governo, as convergências entre os candidatos são menores. A começar pela tarifa. O atual prefeito manteve, ao longo da sua gestão, o valor unitário de R$ 4,80 nos ônibus, ainda que tenha alterado algumas isenções e benefícios. Ele promete, para uma próxima gestão, "manter uma política tarifária realista dentro das condições orçamentárias da prefeitura". Ele quer ainda a continuidade na "luta" por auxílio do governo federal para custeio desses valores.
O candidato Felipe Camozzato (Novo) também cita a necessidade de estudo quanto a esse "problema estrutural". Já Maria do Rosário (PT) defende uma política nacionalmente adotada pelo partido de tentativa de viabilização da tarifa zero. Na mesma linha estão Luciano e Fabiana Sanguiné (PSTU).
De forma já efetiva, para implementação ainda no primeiro ano de governo, Rosário promete a retomada do passe livre estudantil. A medida também está dentro do plano de Juliana, mas sem promessas de um prazo efetivo, porém que irá "realizar estudos". Já Melo, que ainda nos primeiros anos de gestão realizou mudanças nas questões tarifárias para os estudantes, quer estender o modelo já aplicado, chamado "Vou à Escola".
Para quem espera pelos ônibus nos mais de 5 mil pontos espalhados pela cidade, Melo promete "ampliar o investimento" nos terminais, além de construir novos e adaptá-los para os ônibus elétricos que já estão em circulação pela Capital. Maria do Rosário também quer qualificar os espaços e incluir um sistema de monitoramento das linhas para ajudar na diminuição do tempo de espera nas paradas.
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A seguir, algumas propostas dos candidatos para mobilidade urbana:
- Sebastião Melo (MDB)
- Dar continuidade às tratativas junto ao governo estadual e União e demais prefeituras da Região Metropolitana com vistas à integração dos modais de transporte público - implantando bilhete único -, para qualificar o sistema, melhorar o serviço ao cidadão, diminuir a poluição e melhor a mobilidade;
- Ampliar a frota de ônibus elétricos, a partir de projeto piloto já em atuação na Capital;
- Implantar o projeto Caminho Seguro nas Escolas, para fortalecer e ajustar a sinalização viária do entorno, em conjunto com a comunidade escolar, trazendo mais segurança para os usuários e alunos;
- Ampliar o programa Sinal Verde, que desde 2023 expande a modernização da rede de semáforos da cidade. É investimento concreto em tecnologia e integração de dados para sincronizar de forma mais eficiente o trânsito nas principais vias.
- Maria do Rosário (PT)
- Planejamento e investimento na qualificação do transporte coletivo de grande capacidade. Diversificando nossos modais com a implantação de BRTs (Bus Rapid Transit) nas Zonas Leste e Sudeste e a implantação de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) na Área Central e nas Zonas Sul e Centro Sul. Buscando financiamento para os projetos junto ao BNDES e agências de fomento internacionais;
- Vamos analisar detidamente o processo de privatização da Carris, tendo como propósito a defesa do interesse público e do direito à cidade. Além de um estudo sobre o papel histórico da Carris, com a preservação ativa de sua memória e legado;
- Realização de estudos para uma modelagem mais sustentável do sistema de lotação, inclusive avaliando a desvinculação das tarifas desse serviço seletivo em relação ao transporte coletivo;
- Criação de um aplicativo municipal. Melhorando as condições de trabalho dos motoristas de táxi e aplicativo, possibilitando a busca do serviço e avaliação pelo usuário. Incentivar a estruturação de espaços coletivos de apoio nas diversas regiões da cidade com pontos de recarga elétrica para motoristas, além da criação junto às instituições de Segurança Pública, de uma ouvidoria para crimes contra motoristas de transporte individual por aplicativo.
- Juliana Brizola (PDT)
- Preparar estudo sobre os terminais do transporte público coletivo, para avaliar seu entorno, de modo a garantir a acessibilidade das calçadas de acesso, a funcionalidade dos semáforos sonoros, a instalação de dispositivos de moderação de tráfego, além de melhoria da sinalização vertical e horizontal;
- Ampliar a rede atual de corredores exclusivos e faixas prioritárias para ônibus de 103,7 km (61,5 km de corredores e 42,2 km de faixas azuis) para 150 km até 2028, priorizando as avenidas com maior demanda de passageiros;
- Expandir o sistema Bike POA de 41 estações e 410 bicicletas (2023) para 100 estações e 1.000 bicicletas até 2030; introduzir bicicletas elétricas no sistema, representando 20% da frota total;
- Implementar estações intermodais estratégicas para facilitar as transferências entre diferentes meios de transporte.
- Felipe Camozzato (Novo)
- Estudar a reestruturação do modelo de transporte público de Porto Alegre;
- Aperfeiçoar o sistema de integração entre modais de transporte, com uso da tecnologia;
- Utilizar a tecnologia para aprimorar os aplicativos de horário e trajeto, tornando-os mais eficientes e funcionais;
- Adoção de critérios meritocráticos, relacionados à avaliação do usuário sobre a qualidade do serviço prestado, na definição do montante destinado a subsidiar a tarifa, enquanto não se encaminha uma resolução definitiva para o problema estrutural.
Os demais:
- Carlos Alan (PRTB):
Não apresentou propostas voltadas para o tema.
- Cesar Pontes (PCO):
O programa do candidato não apresenta nenhuma política específica para Porto Alegre, uma vez que o plano disponibilizado é único para todos os postulantes do partido no país.
- Fabiana Sanguiné (PSTU):
- Anulação da privatização da CARRIS e estatização das demais empresas;
- Imposto sobre as grandes empresas para subsidiar o transporte coletivo e conquistar a tarifa zero;
- Elaboração de um novo Plano de Mobilidade Urbana sob controle dos trabalhadores e da população. Desenvolvimento de um projeto de criação de aplicativo de geolocalização para motoristas;
- Construção do metrô com financiamento federal.
- Luciano Schafer (UP):
- Carris 100% pública;
- Municipalização das empresas de transporte que descumprirem suas obrigações contratuais de atendimento à população;
- Criação, melhorias e ampliações de terminais, das frotas e dos serviços, além da integração dos diferentes serviços de transporte público, como as estações da Trensurb na capital;
- Restauração do emprego dos cobradores até a transição para um sistema público e gratuito.