Em reunião com banqueiros, Bolsonaro pede consignado para Auxílio Brasil e critica STF e TSE

Em reunião com banqueiros, Bolsonaro pede consignado para Auxílio Brasil e critica STF e TSE

Bancos têm se posicionado de forma contrária à modalidade; um deles é o Bradesco, que estava representado no encontro

R7

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante evento

publicidade

Diante de uma plateia formada por empresários e banqueiros, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) defendeu, nesta segunda-feira (8), juros menores do crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil e voltou a criticar, sem citar nominalmente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

"Faço agora um apelo para vocês. Vai entrar o pessoal do BPC [Benefício de Prestação Continuada], do empréstimo consignado, e isso é garantia, desconto em folha, se vocês puderem reduzir o máximo possível, porque estamos atravessando o final da turbulência. É a tranquilidade para levar o governo adiante", afirmou Bolsonaro.

Uma nova lei autoriza famílias que fazem parte do Auxílio Brasil a usar o valor recebido para contratar crédito consignado. A norma também amplia a margem de empréstimo para até 40% do rendimento aos empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e aos segurados da Previdência Social.

A modalidade é concedida a quem tem salário, aposentadoria ou benefício creditados em conta-corrente. Pelo fato de o valor ser descontado diretamente da folha de pagamento ou da aposentadoria do cliente, trata-se de uma opção de empréstimo fácil e que tem uma das menores taxas do mercado.

No entanto, alguns bancos se posicionaram de forma contrária à medida — um deles é o Bradesco, que descartou o consignado para beneficiários do programa e argumenta que o benefício é transitório e o crédito tem maior risco.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, estava presente na reunião com Bolsonaro. Representantes de diversos bancos também participaram da agenda, que ocorreu na sede da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo. 

TSE e STF

No encontro, Bolsonaro disse que os banqueiros gastam, sem apresentar valores, uma "fortuna" com defesa cibernética e atacou, sem nomear, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas. "Eu não entendo. Temos lá em Brasília um órgão que tem algo intransponível, expugnável, impenetrável, vão para lá, pô, pegar a tecnologia deles", disse.

Na sequência, o presidente da República comentou a carta pela democracia e em defesa do sistema eleitoral brasileiro, que será lida na próxima quinta-feira (11), e voltou a criticar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e, em especial, o inquérito das fake news. "É melhor um democrata na corrupção do que um honesto num regime forte. Qual regime forte é meu? Me aponte uma palavra minha contra a democracia? Eu mandei prender algum deputado?", questionou.

"O inquérito das fake news. Não está tipificado. Como alguém pode ser julgado? Que país é esse? Onde está a ditadura, no Executivo ou em outros poderes? Estão com saudade de que? Da festa de antigamente?", completou.

Corrupção

O chefe do Executivo federal afirmou que as gestões anteriores foram marcadas por corrupção e citou obras do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como exemplo. No discurso, ele ainda destacou que montou um ministério "de pessoas quase santas na política, com raras exceções".

Durante sua gestão, Bolsonaro viu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ser preso por suspeita de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. O evangélico ficou um dia preso e nega as acusações. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895