Rural

A relevância do agro nas exportações gaúchas

Trabalho da ApexBrasil destaca o setor como responsável pelo superávit do Estado e a soja como o principal produto embarcado

A soja respondeu por 20% de todas as exportações do Rio Grande do Sul no ano passado
A soja respondeu por 20% de todas as exportações do Rio Grande do Sul no ano passado Foto : Roberto Kazuhiko Zito/ Embrapa Soja/ Divulgação/CP

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançou o estudo Oportunidades de Exportação e Investimentos – Rio Grande do Sul, que integra o ciclo de estudos de outros estados, trabalho em que destaca o setor agropecuário como responsável pelo superávit da balança comercial do Estado.

“No período de 2019 a 2024, os principais setores das exportações do Rio Grande do Sul estiveram relacionados com soja, tabaco, carnes e celulose. Em 2024, os dez principais setores representaram 62,6% do total exportado, com destaque para o setor de soja, responsável por 20,9% das exportações no período”, ressalta trecho do trabalho.

Entre os principais embarques do Estado, são listados os produtos do campo: soja, com 20,9% de todas as exportações, tabaco (11,5%), farelo de soja (7,2%), carnes de aves (5,5%) e celulose (4,6%).

No trabalho, o mapa de oportunidades da ApexBrasil identificou 11.327 oportunidades de exportação de produtos em 169 setores, com destaque para máquinas agrícolas, ferramentas para uso manual ou em máquinas, calçados, farelos de soja, carnes de aves e celulose.

“O primeiro e mais importante setor, a soja, foi responsável por 20,9% das exportações do estado. Esse setor demonstrou um crescimento de 12,5% no último ano (2023-2024) e uma expansão média anual de 2,1% entre 2019 e 2024”, menciona.

“O segundo principal setor, o de tabaco descaulificado ou desnervado, respondeu por 11,5% das exportações estaduais em 2024. De forma similar à soja, este segmento também exibiu um crescimento expressivo com crescimento de 10,6% entre 2023 e 2024 e uma expansão média anual de 9,1% desde 2019”, complementa.

Agro promove o superávit

O estudo destaca que a balança comercial do Rio Grande do Sul, entre 2014 e 2024, se caracterizou por superávits “contínuos e expressivos”, ainda que tenha ocorrido volatilidade ao longo da série. O maior superávit foi registrado em 2021, de US$ 9,4 bilhões, seguido de recuo no ano seguinte para US$ 6,6 bilhões, mas depois a balança comercial retomou a trajetória de crescimento até chegar a US$ 9 bilhões no ano passado.

“Esse cenário superavitário é sustentado pela pauta exportadora do estado, liderada por setores ligados ao agronegócio, como os de soja, tabaco e farelos de soja e outros alimentos para animais”, esclarece o trabalho.

A China se consolidou como o principal parceiro comercial do Rio Grande do Sul no ano passado, ao absorver 26,2% do total embarcado, e assim mantém um crescimento médio anual estável de 0,4% entre 2019 e 2024. Já os Estados Unidos ocuparam o segundo lugar, com fatia de 8,4% e um crescimento médio anual de 4,7% no período.

Quanto aos produtos, as exportações para a China são predominantemente de soja, enquanto para os Estados Unidos a pauta é mais diversificada, com destaque para tabaco, armas e munições, celulose e calçados.

Outros parceiros comerciais relevantes incluem a Bélgica, com foco na exportação de tabaco, e a Coreia do Sul, que importa principalmente farelos de soja e secadores centrífugos. “Para os principais países asiáticos listados, notadamente China e Vietnã, os setores com maior valor exportado são predominantemente ligados ao agronegócio, como soja, farelos de soja, trigo e tabaco”, acrescenta a ApexBrasil.

O trabalho ainda cita a importância do agronegócio em suas Conclusões: “A consolidação de setores tradicionais como carnes, celulose e calçados permanece como uma tendência central”, explica. “As exportações de carnes, de frango e suína, apresentam crescimento no período 2019-2024, contudo, na comparação de 2024 frente a 2023, foram observadas retrações; destacando a necessidade de consolidar o posicionamento desses produtos gaúchos”, segue.

“Já os setores de celulose e calçados, além de estarem entre os principais produtos já exportados, também estão entre os que apresentam um alto número de oportunidades, 56 e 411, respectivamente”.

Queda no ano

Segundo a Federação da Agricultura do RS (Farsul), as exportações do agro gaúcho no acumulado de janeiro a setembro de 2025 totalizaram US$ 10,6 bilhões, valor 2,6% inferior ao do mesmo período do ano passado. No período destaque ao complexo soja, com embarques de US$ 3,462 bilhões (-16% ante o mesmo período de 2024), carnes bovina, suína a frango, com US$ 1,908 bilhão (+14%), tabaco e derivados, com US$ 2,103 bilhões (+13%), produtos florestais, com US$ 1,056 bilhão (-15%) e cereais (milho, arroz e trigo), com US$ 852 milhões (+2%). Neste grupo, destaque ao milho, com expansão de 1.064%, de US$ 15,917 milhões para US$ 185,260 milhões.

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