Cooperativa alerta para crise no setor de proteína animal no Vale do Taquari
Presidente da Dália Alimentos, Carlos Alberto Freitas, destaca necessidade de apoio governamental para que agroindústrias consigam driblar a crise
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Agroindústrias, em especial na região do Vale do Taquari, podem fechar se o poder público não tomar atitudes para fortalecer o setor da proteína animal. Esta é a previsão do presidente executivo da Dália Alimentos, Carlos Alberto Freitas, presente em coletiva de imprensa promovida pela Federação de Entidades Empresariais no Rio Grande do Sul (Federasul) nesta quarta-feira (10). Mesmo com a redução nos preços do milho, hoje com cotações em torno de R$ 60,00 por saco, o setor ainda enfrenta dificuldades relacionadas aos custos de produção. “As agroindústrias já têm milho até junho ou julho, o grão de agora entra a partir de agosto”, explica Freitas.
Segundo ele, a crise começou em 2021 com aumento nos custos, relacionado à pandemia. “Na pandemia trabalhamos com metade dos funcionários e reduzimos a velocidade da produção”, justifica. A situação é mais delicada no Rio Grande do Sul, se comparado ao resto da região Sul do país, uma vez que as agroindústrias gaúchas precisam arcar com maiores custos de logística para mandar seus produtos para outros estados, devido à distância geográfica, além sofrerem com uma tributação maior por conta da cobrança de imposto sobre os créditos fiscais presumidos de empresas que compram insumos de fora do Estado por meio do Fator de Ajuste de Fruição (FAF).
“Se não encontrarmos uma maneira (de fortalecer os produtores) vai haver empobrecimento nas regiões onde a base da economia é suínos, leite e frango”, alerta Freitas. Para isso, ele destaca que as atitudes mais urgentes a serem tomadas são a retirada das agroindústrias produtoras de proteína animal do Decreto 56.117/2021, que institui cobranças gradativas sobre os créditos fiscais presumidos de até 15%, percentual a ser cobrado a partir de 2024; e, a nível federal, a criação de linhas de financiamento para capital de giro a longo prazo com taxas do crédito rural.
Para discutir essas e outras medidas, a Federasul criou um grupo de trabalho formado por lideranças do setor com sua primeira reunião no dia 2 de maio. “A Secretaria está à disposição para o grupo”, enfatizou, nesta quarta-feira (10), o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Giovani Feltes. Contando com a boa vontade do governo e a chegada dos efeitos da redução nos custos do milho, Freitas tem esperança de melhora para o segundo semestre e de que o governo federal concretize as ações emergenciais que tem discutido para o Plano Safra 2023/2024. “Mas não se tem clareza do que virá, este é o momento de solicitar linhas de longo prazo”, comenta o presidente executivo da Dália.
Os representantes do setor se queixam das condições atuais, mesmo em um cenário de aumento de exportações do Estado este ano, de 26,81% para a carne suína e de 1,02% para a carne de frango, se comparado aos primeiros quatro meses do ano passado. “É importante citar que nem todas as indústrias são exportadoras, muitas dependem da situação do país”, justifica o presidente executivo da Organização de Avicultura do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs), José Eduardo dos Santos. Freitas também argumenta que, com uma população brasileira empobrecida e consequente queda de demanda, muitas empresas exportam mesmo ganhando pouco ou com prejuízos.