Copaaergs indica chuvas abaixo da média para junho no RS
Conselho recomenda que produtores afetados pelas enchentes façam análise de solo antes de voltar a plantar

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O Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) indica que o mês de junho deve apresentar volumes de chuva inferiores à media climatológica, principalmente na Metade Sul. Apesar disso, não está descartada a ocorrência de geadas, especialmente na região da Campanha e nos locais de grande altitude.
As informações constam do boletim extraordinário publicado pelo colegiado nesta segunda-feira, que também traz recomendações básicas a quem teve a área de cultivo varrida pela imensa quantidade de chuva ocorrida no mês de maio. A principal preocupação está na capacidade produtiva dos solos remanescentes de deslizamento, lixiviação e erosão comprometeram negativamente a estrutura química, física e biológica do solo.
“A situação poderá dificultar a semeadura da safra de inverno de 2024 (trigo, centeio, cevada, aveia e canola) ou até mesmo da safra de verão 2024/2025; bem como afetará os cultivos perenes (pomares) nos próximos ciclos de produção”, informa o Coopaergs.
Em áreas severamente afetadas, o conselho recomenda o produtor a repensar a aptidão de uso do solo, com a possibilidade de deslocar ou transferir áreas produtivas para lugares geograficamente mais adequados para cultivo agrícola.
As principais orientações do Copaaergs são:
- Atentar para os avisos da Defesa Civil e priorizar colocar-se em segurança;
- Atentar para as recomendações dos planos de recuperação regionalizados, que serão lançados após a conclusão dos levantamentos das perdas decorrentes da catástrofe climática;
- Buscar a assistência técnica da Emater da sua região para auxiliar na recuperação e na retomada das atividades da propriedade;
- Atentar para as políticas de crédito que serão disponibilizadas para as propriedades atingidas;
- Em áreas severamente afetadas: repensar a aptidão de uso do solo em áreas que foram severamente afetadas por deslizamentos de terra e inundações; considerar que estas áreas podem ser de risco; deslocar/transferir áreas produtivas para lugares geograficamente mais adequados para cultivo agrícola.
- Em áreas em que persistir o acúmulo de umidade, realizar a drenagem do solo;
- Realizar, assim que possível, análises de solo, para verificar a situação da fertilidade do solo, determinando teores de nutrientes, matéria orgânica e argila;
- É preciso verificar a situação de cada área, porque, em locais de baixada, pode ter aumentado o teor de nutrientes, pela deposição de sedimentos das áreas mais altas. Já áreas altas podem ter sofrido perdas de nutrientes com a erosão;
- Realizar a correção da acidez e adubação do solo, conforme as necessidades demonstradas na análise de solo;
- Aguardar a redução da umidade do solo até o teor de friabilidade (desfazer-se) para executar tráfego de máquinas e operações de preparo de solo e plantio, para evitar a compactação do solo;
- Realizar, assim que possível, operações de subsolagem em áreas compactadas e drenagem de solo em áreas que persistir o acúmulo de umidade;
- Implantar e manter, assim que possível, plantas de cobertura para melhoria e recuperação das características físicas, químicas e biológicas do solo em áreas degradadas, priorizando uso de leguminosas;
- Adotar práticas de manejo e conservação do solo, para prevenir efeitos de futuros eventos extremos: utilizar sistema plantio direto, manter a cobertura vegetal do solo, priorizar o cultivo de plantas de cobertura, a rotação de culturas e o cultivo em nível;
- Fazer terraceamento onde for necessário (para reduzir efeito da enxurrada), manter matas ciliares e considerar sistemas de cultivo integrados (lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta);
- Recompor mata ciliares das áreas de preservação ambiental com espécies nativas nas áreas atingidas; e manter áreas de preservação permanente em locais com declividade acentuada.
- Considerar a utilização do solo conforme sua capacidade de uso; em áreas declivosas, pela perda de solo provocada pela erosão, pode ter se tornado inviável o cultivo de lavouras;
- Em áreas de produção animal, onde as pastagens nativas e cultivadas foram afetadas se orienta a utilização de suplementação alimentar, dentro das possibilidades de acesso, como: concentrados, silagem e feno, sal mineral proteinado, procurando manter a condição corporal e produtividade dos animais;
- Em áreas de bovinocultura de corte e leite, dar atenção à condição sanitária, utilizando-se de reforço profilático, incluindo vacinação para todas as categorias animais para Leptospirose e doenças respiratórias.
- Devido condições ambientais desfavoráveis, indica-se desverminar os animais, principalmente os jovens, incluindo controle da Fascíola Hepática;
- Em bovinos de leite dar atenção aos casos clínicos e subclínicos de mastites; fazer os testes de rotina antes da ordenha; considerando a probabilidade de aumento de incidência de mastites, devido às condições ambientais desfavoráveis e o estresse imposto aos animais;
- Na produção animal, considerando o encharcamento do solo, buscar o controle e a prevenção de doenças de casco, oferecendo, dentro do possível um ambiente higienizado, com piso seco e limpo;
- Fazer o casqueamento preventivo e em casos de vários animais estarem acometidos fazer a utilização de pedilúvios na propriedade; observar diariamente os animais para detectar precocemente alguma alteração.
- Realizar a limpeza das instalações e todos os utensílios que terão contato com os animais;
- Para os citricultores que farão recomposição de pomares se recomenda a aquisição de mudas de qualidade certificada para evitar o ingresso de doenças como o HLB, conforme Instrução Normativa (IN) nº 14/2024-SEAPI.
- Nos pomares e vinhedos em pós colheita que foram menos afetados, assim que possível ajustar (diminuir) a carga de produção para o próximo ciclo, para evitar desgaste e desequilíbrio excessivo das plantas;
- Nos pomares em pleno ciclo de produção (ex.: citros), para redução da fonte de inóculo de doenças e pragas, realizar tratamentos fitossanitários, recolhimento de frutas caídas no chão, colheitas e demais tratos culturais.