A estiagem e, principalmente, o calor estão deixando os agricultores de Porto Alegre em situação de alerta. Para combater a eventual escassez hídrica, a prefeitura da Capital incrementou, nesta semana, os trabalhos de limpeza e de abertura de açudes. Para o calor, no entanto, embora possam adotar medidas paliativas, os produtores rurais torcem mesmo é pela queda da temperatura.
A ação da prefeitura, realizada pela Secretaria de Governança Local e Coordenação Política, dá continuidade ao atendimento oferecido desde a estiagem ocorrida em 2023. Para a operação, a secretaria conta com uma escavadeira de 24,5 toneladas e uma retroescavadeira para a abertura, limpeza e manutenção de valos e açudes, em paralelo com a Patrulha Agrícola.
As atividades se concentram na Região Extremo Sul (bairros Belém Novo, Boa Vista do Sul, Chapéu do Sol, Extrema, Lageado, Lami, Ponta Grossa e São Caetano), onde estão localizadas mais de 80% das lavouras de Porto Alegre.
De acordo com a vice-presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, Giordana Piber, as plantações ainda não sofrem com a falta d’água.
“Estamos com sistema de gotejamento. Daí economiza bastante água, mas teremos problemas se continuar assim (sem chover)”, diz Giordana Piber.
A produtora salienta que a colaboração da prefeitura “alivia” a dificuldade. O problema mais imediato é o calor, como explica o produtor Régis Ferreira Bruhn, que cultiva folhosas como alface, rúcula, couve, espinafre, brócolis em uma área de três hectares no Lami.
“A alface, por exemplo, a partir dos 30ºC começa a entrar em estresse, mais ou menos que nem a gente. Se permanecer muito tempo (sob a temperatura), tu começas a baixar a imunidade. E aí é prato cheio para algum tipo de contaminação”, diz Bruhn.
Para atenuar o impacto sobre as plantas, o agricultor utiliza a irrigação e cobre os canteiros com plástico.
Vinculado à Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana (Rama), Bruhn dispõe de dois açudes de cerca de 1,5 metro de profundidade. Ele teme ficar sem água se a estiagem e o calor persistirem por mais 20 dias. Não tanto pelo que poderia consumir com a irrigação, mas pela perda provocada pela evaporação.
“Num dia como hoje (quinta-feira, 23), o nível de água do açude baixa uns 3 centímetros”, calcula Bruhn.
Para Giordana, o calor torna a atividade de comercializar a própria produção ainda mais difícil e sofrida. A dirigente sindical é uma das empreendedoras que atua na banca da Feira da Produção Rural, no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico.
“Há pouco, estava 37ºC na sombra. O Centro fica vazio”, relata Giordana.