Rural

Estiagem e calor preocupam produtores na Capital

Prefeitura intensifica trabalhos de limpeza e abertura de açudes para garantir abastecimento de água às lavouras de Porto Alegre

Secretário de Governança Local e Coordenação Política, Cássio Trogildo (à esquerda, no centro), acompanha ação de desobstrução de açudes no Extremo Sul de Porto Alegre
Secretário de Governança Local e Coordenação Política, Cássio Trogildo (à esquerda, no centro), acompanha ação de desobstrução de açudes no Extremo Sul de Porto Alegre Foto : Adriana Corrêa / SMGOV / PMPA / CP

A estiagem e, principalmente, o calor estão deixando os agricultores de Porto Alegre em situação de alerta. Para combater a eventual escassez hídrica, a prefeitura da Capital incrementou, nesta semana, os trabalhos de limpeza e de abertura de açudes. Para o calor, no entanto, embora possam adotar medidas paliativas, os produtores rurais torcem mesmo é pela queda da temperatura.

A ação da prefeitura, realizada pela Secretaria de Governança Local e Coordenação Política, dá continuidade ao atendimento oferecido desde a estiagem ocorrida em 2023. Para a operação, a secretaria conta com uma escavadeira de 24,5 toneladas e uma retroescavadeira para a abertura, limpeza e manutenção de valos e açudes, em paralelo com a Patrulha Agrícola.

As atividades se concentram na Região Extremo Sul (bairros Belém Novo, Boa Vista do Sul, Chapéu do Sol, Extrema, Lageado, Lami, Ponta Grossa e São Caetano), onde estão localizadas mais de 80% das lavouras de Porto Alegre.

De acordo com a vice-presidente do Sindicato Rural de Porto Alegre, Giordana Piber, as plantações ainda não sofrem com a falta d’água.

“Estamos com sistema de gotejamento. Daí economiza bastante água, mas teremos problemas se continuar assim (sem chover)”, diz Giordana Piber.

A produtora salienta que a colaboração da prefeitura “alivia” a dificuldade. O problema mais imediato é o calor, como explica o produtor Régis Ferreira Bruhn, que cultiva folhosas como alface, rúcula, couve, espinafre, brócolis em uma área de três hectares no Lami.

“A alface, por exemplo, a partir dos 30ºC começa a entrar em estresse, mais ou menos que nem a gente. Se permanecer muito tempo (sob a temperatura), tu começas a baixar a imunidade. E aí é prato cheio para algum tipo de contaminação”, diz Bruhn.

Para atenuar o impacto sobre as plantas, o agricultor utiliza a irrigação e cobre os canteiros com plástico.

Vinculado à Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana (Rama), Bruhn dispõe de dois açudes de cerca de 1,5 metro de profundidade. Ele teme ficar sem água se a estiagem e o calor persistirem por mais 20 dias. Não tanto pelo que poderia consumir com a irrigação, mas pela perda provocada pela evaporação.

“Num dia como hoje (quinta-feira, 23), o nível de água do açude baixa uns 3 centímetros”, calcula Bruhn.

Para Giordana, o calor torna a atividade de comercializar a própria produção ainda mais difícil e sofrida. A dirigente sindical é uma das empreendedoras que atua na banca da Feira da Produção Rural, no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico.

“Há pouco, estava 37ºC na sombra. O Centro fica vazio”, relata Giordana.

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