Maior produtor de laranjas no Rio Grande do Sul espera safra quase 30% menor

Maior produtor de laranjas no Rio Grande do Sul espera safra quase 30% menor

Por ser perene, cultura é prejudicada por estiagens sucessivas

Camila Pessôa

No Estado há 14,65 mil hectares plantados de laranja

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O município de Liberato Salzano, maior produtor de laranjas do Estado, espera uma queda de 28,57% na colheita desta safra, de 28 mil toneladas para 20 mil toneladas, nos 1,2 mil hectares plantados no município. O cenário é relatado pelo presidente da Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Liberato Salzano e Região (Coopsalzano), Leandro Rubini, e se repete em todo o Estado. “Sabemos que teremos redução de produção por estiagem este ano, efeito das estiagens anteriores sobre a formação da safra atual”, comenta o técnico regional de fruticultura da Emater/RS-Ascar no Vale do Caí Marcos José Schäfer. 

“A estiagem afetou muito nossa região, um pouco menos que no ano de 2021/2022, mas tivemos chuvas irregulares que causaram muitas diferenças entre comunidades vizinhas”, relata Rubini. “A falta de chuva afeta a planta e consequentemente a florada e o desenvolvimento dos frutos. A laranja é uma cultura perene, muito do que aconteceu no decorrer do ano de 2021 traz consequências na fruta colhida em 2023”, completa. Assim, produtores ficam apreensivos. “No momento não temos ideia do valor que será ofertado pela fruta, apenas que os custos de produção por hectare foram altos e a quantidade de fruta disponível é menor, ocasionando custos muito elevados”, comenta Rubini, mas lembra que a expectativa é de preços maiores nesta safra, devido à valorização do fruto no mercado e menor oferta.

A safra da laranja tem início em meados de maio, mas, para a bergamota, já há colheita da variedade satsuma, com 10 hectares plantados e três produtores em Liberato Salzano. Em Montenegro, maior produtor de bergamota no Estado, a área dedicada ao cultivo da variedade é de 20 hectares, o que corresponde a 0,74% da área total de 2,7 mil hectares da fruta, de acordo com a extensionista da Emater/RS-Ascar de Montenegro Luisa Leopold Campos. “Temos poucos produtores (da satsuma), e muitos estão desistindo, porque a variedade tem pouco valor de mercado”, explica Luisa. A principal variedade cultivada no município é a montenegrina, com colheita que deve ter início em abril. 

A produtividade média para as bergamotas de Montenegro é de 17 toneladas por hectare, assim, o município espera colher 45,9 mil toneladas nesta safra, dependendo de quanto o cultivo for afetado pelo clima. “Ainda é muito cedo para dizer se a estiagem afetou significativamente, os pomares tendem a se recuperar se tivermos chuva regular e boa amplitude térmica”, comenta Luisa. Segundo ela, o cultivo no município não foi significativamente afetado pela estiagem na última safra, o que resultou em colheita semelhante à esperada para este ano.

De acordo com pesquisa da Emater/RS-Ascar realizada em 2020, no Estado há cerca de 25 mil hectares plantados de citros, destes, 14,65 mil são de laranjas, 9,8 mil de bergamotas e 782 de limão. Segundo Schäfer, a produção esperada em condições climáticas normais é de 447,95 mil toneladas.  


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