Polícia Federal reprime contrabando de agrotóxicos na fronteira do Brasil com o Uruguai
Operação Macan visa desarticular grupo que lucrou mais de R$ 9 milhões com o esquema criminoso
publicidade
A Polícia Federal deflagrou, com apoio da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), de Bagé, nesta sexta-feira a Operação Macan, que investiga organização criminosa dedicada à importação ilegal de agrotóxicos provenientes do Uruguai. Cerca de 45 policiais federais e 12 policiais civis cumpriram 16 mandados de busca e apreensão domiciliar, 10 mandados de busca pessoal e 10 mandados de busca e apreensão de veículos nas cidades de Santa Maria, São Sepé, Restinga Seca e Aceguá, no Rio Grande do Sul, e Porto Belo, em Santa Catarina.
Também foi determinado o sequestro de 11 imóveis e 20 veículos, além do bloqueio de valores nas contas dos investigados, totalizando aproximadamente R$ 9 milhões, bem como decretadas as prisões preventivasdos dois líderes da quadrilha. A investigação começlou a partir da prisão em flagrante de um homem, em 2021, na cidade de Bagé, que transportava grande quantidade de agrotóxicos estrangeiros oriundos do Uruguai.
Veja Também
- Assembleia reconhece relevância da aviação agrícola
- Contrabandista é preso portando mais de 500 litros de agrotóxicos perto da BR 285
- Senado aprova regras para controle de risco de produtos químicos
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Ao longo das apurações, foi identificada a existência de uma organização criminosa transnacional, que atuava na internalização clandestina de agrotóxicos estrangeiros no território brasileiro. Estima-se que, esde 2016, 250 toneladas de agrotóxicos foram introduzidas ilegalmente no Brasil, proporcionando lucros milionários a partir da venda e distribuição destes defensivos na região Central do Estado para dezenas de produtores rurais.
O lucro obtido era aplicado em uma loja de veículos de elevado valor e em uma construtora de imóveis, que serviam como mecanismos para a lavagem do dinheiro obtido com o contrabando de agrotóxicos, visando dissimular a procedência criminosa. Ainda, foi identificada a existência de uma rede de pessoas “laranjas”, as quais movimentavam vultosos recursos ilícitos e ocultavam bens pertencentes ao grupo criminoso.
USO PROIBIDO
A utilização de agrotóxicos estrangeiros proibidos ou não autorizados no Brasil, o que caracteriza crime, pode ainda resultar em graves danos à saúde e ao meio-ambiente. A ausência de registro inviabiliza a certificação da composição e do grau de toxicidade dos produtos utilizados na agricultura, além de dificultar o controle prévio e a fiscalização pelos órgãos competentes. Os envolvidos responderão pelos crimes de importação e comercialização de agrotóxicos não registrados ou não autorizados, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa, cujas penas somadas poderão chegar a 27 anos de reclusão.