Produtores rurais bloqueiam rodovia em Pelotas

Produtores rurais bloqueiam rodovia em Pelotas

Vindos de diversos municípios da região eles se reuniram no trecho em mais um dia de protesto por securitização

Angélica Silveira

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Produtores rurais do Sul do Estado se reuniram no início da manhã desta segunda-feira para mais um dia de protestos a favor da securitização. Os bloqueios começaram por volta das 8h. No quilômetro 61 da BR 392, em Pelotas, ocorreram em média a cada 20 minutos, no sistema pare e siga. A rodovia é a principal rota do escoamento de grãos para o Porto do Rio Grande.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, em torno de 140 manifestantes, com quatro veículos pesados participaram da ação em Pelotas, que foi apoiada por muitos motoristas que mesmo após ficarem parados por um tempo, buzinavam em sinal de apoio aos produtores. Um dos exemplos foi o pescador de Rio Grande, Cledemar Canário Pires. Ele estava chegando em Pelotas quando ficou no bloqueio. "Eu acho que está correto, tem que protestar mesmo. Eles têm que sair para a rua. A voz do povo tem que ser forte. Está tudo errado neste país. Para o pescador também está horrível, Os políticos fazem o que querem e o povo tem que sair para a rua e botar a voz para garantir seus direitos", disse.

Durante as paradas, os motoristas recebiam panfletos explicando as causas da manifestação. O produtor de milho e pêssego de Pelotas, que também cria gado Jones Becker, de 39 anos, estava entre os manifestantes. Ele conta que é de uma família que está na terceira geração de produtores rurais. Becker explica que estão na rodovia cedo para evitar transtornos, que será a falta de abastecimento nos mercados. "O governo, ele vem prometendo pra nós há mais de um ano, já que vai prorrogar nossas dívidas e nada de efetivo. Agora mesmo, os bancos cobram e se não pagarmos vão tirar nosso maquinário, que é a nossa ferramenta de trabalho e consequentemente seremos obrigados a parar de produzir alimentos que estão na mesa de 100% da população", relata.

O produtor pondera que o grupo quer que o governo libere a securitização, que é um prazo maior para que possam pagar as dívidas. "Viemos de três safras prejudicadas pela estiagem e na última tivemos ciclone e enchente, então quem não perdeu com a enchente perdeu com o excesso de chuva. Tudo ficou na lavoura e não temos como pagar", lamenta. O grupo pede o alongamento das dívidas por no mínimo mais 15 anos. "Temos a certeza que em 15 anos teremos várias outras safras frustradas também pelo clima, então precisamos de um longo prazo para poder equilibrar as contas e poder honrar nossos compromissos", justifica.

O grupo também solicita diminuição no preço do diesel, dos pedágios (o da região é considerado o mais caro do país) e também novas linhas de crédito rural. "Se trancarem o nosso crédito, nós não vamos conseguir fazer os nossos novos financiamentos e sem isto não há como produzir. Esta luta envolve 100% da população porque eu não conheço ninguém que consegue sobreviver sem alimentos", observa. A previsão é que a manifestação seja encerrada no final da tarde em Pelotas.

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