Serviço de fiscalização detalha métodos da Dielat

Serviço de fiscalização detalha métodos da Dielat

Indústria de Taquara, investigada por adulteração de leite e produtos derivados, teve suas atividades suspensas por tempo indeterminado

Thiago Copetti

Fiscais federal nas instalações da empresa Dielat, em Taquara, durante a Operação Leite Compensado 13

publicidade

O esquema de adulteração do leite adotado pela indústria Dielat, de Taquara, incluía, de acordo com o 10º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa) no Estado, a falsificação de testes de qualidade, de documentos e números, além de armazenagem irregular de produtos, oculta da fiscalização. O imóvel não oferecia condição estrutural e sanitária para a finalidade, conforme revelou o coordenador regional do Sipoa, Márcio Todero.
Ontem, após ser deflagrada a 13ª fase da operação Leite Compensado, que identificou o uso de soda cáustica no laticínio, para disfarçar produto estragado ou vencido, a empresa teve suas atividades suspensas por tempo indeterminado pelo Sipoa. Penalidades, no entanto, faziam parte da rotina da empresa. Nos últimos dois anos, a Dielat acumulou outras cinco interdições de instalações, cinco suspensões de atividades e seis autuações por fraude de registros e embaraço à fiscalização, entre outras. Todero explica que a sequência de ações administrativas sinalizou, mês a mês, a possibilidade de haver outras irregularidades.

“Quando uma empresa adota o modelo de autocontrole da qualidade e legalidade de seus produtos, o serviço de fiscalização ocorre com diferentes espaços de tempo. Pode tanto ser anual quanto quinzenal. Vínhamos reduzido os prazos da Dielat, até que a fiscalização chegou ao prazo mínimo de uma semana” relata o coordenador.

De acordo com Todero, as divergências entre os testes realizados pela empresa e os da fiscalização federal eram levadas ao Ministério Público, até que o acúmulo de irregularidades passou a ser considerado prova irrefutável de fraudes. O golpe final no esquema, segundo Todero, foram gravações telefônicas que apresentaram detalhes dos procedimentos da Dielat.
A operação Leite Compensado 13, conduzida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, culminou com a prisão preventiva do sócio-proprietário da Dielat, Antonio Ricardo Colombo Sader, e do engenheiro químico Sérgio Alberto Seewald, e de dois diretores da empresa. A fraude era tão ampla e disseminada, segundo Tondero, que, na chegada dos policiais, uma funcionária enviou a, um grupo de colaboradores, ordens para destruir provas. “Foi mais uma prova da fraude e do esquema montado. Ela foi presa em flagrante”, relata Tondero.
A investigação teve como origem uma denúncia recebida pelo Ministério Público indicando práticas irregulares na produção de leite UHT e composto lácteo. As denúncias incluem a suspeita da adição de soda cáustica (neutralizante de acidez) e da utilização de matérias-primas impróprias.

| Foto:

Veja Também


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895