O agricultor Ambrósio Openkoski, do município de Áurea, é um dos produtores de erva-mate da região do Alto Uruguai. Na propriedade de 30 hectares vai funcionar uma das Unidades de Referência Tecnológica (URTs), alinhadas ao Plano Estadual de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+ RS), que reconhece a erva-mate como cultura estratégica para o sequestro de carbono.
O anúncio foi feito durante Tarde de Campo na quinta-feira, 16, no CTG do município, que reuniu cerca de 150 participantes.
Além da propriedade em Áurea, participam também os municípios de Gaurama e Itatiba do Sul, e três propriedades da região de Machadinho, no polo ervateiro do Nordeste Gaúcho. Essas unidades de referência vão mensurar a capacidade dos ervais de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), a partir de uma ferramenta chamada Carbon Matte, desenvolvida pela Embrapa Florestas em parceria com a Fundação Solidaridad.
“A URT é um exemplo a ser seguido por outros produtores ervateiros, porque é um modelo de boas práticas: tem plantas de cobertura associadas à erva-mate, árvores que proporcionam sombra e o conjunto destas ações resulta em aumento de carbono do solo, que é o principal indicador de qualidade”, afirma o coordenador do Plano ABC+ RS, engenheiro florestal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) Jackson Brilhante.
Segundo ele, os benefícios são muitos, como a melhoria da infiltração de água no solo e o aumento da capacidade de armazenamento de nutrientes, mantendo o solo vivo, com alta atividade biológica. “E este conjunto se traduz em maior eficiência produtiva com menor impacto ambiental”, destaca.
Brilhante avalia que as URTs são muito importantes para o Plano ABC+ RS. “É desta forma, pelo exemplo, que nós vamos conseguir expandir a adoção de boas práticas em todo o estado do Rio Grande do Sul”.
Estudos comprovam que os sistemas tradicionais de cultivo no Sul do Brasil possuem alto potencial de captura de carbono na biomassa e no solo. Além disso, o sistema tradicional de cultivo da erva-mate foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como Sistema Agrícola de Importância Global (GIAHS), valorizando práticas ancestrais que unem produção agrícola, preservação da biodiversidade e fortalecimento cultural.
A Tarde de Campo
A Tarde de Campo foi organizada pela Fundação Solidaridad e Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, prefeitura e ervateiras.
Durante o evento, foram apresentados os resultados dos cinco anos do Projeto Aliados pelo Campo, uma parceria da empresa Leão/Coca-Cola Brasil, da Fundação Solidaridad e da Emater/RS-Ascar. Desde 2020, o projeto já beneficiou 92 produtores rurais, abrangendo aproximadamente 700 hectares de erva-mate.
“O projeto me fez evoluir muito. Tenho áreas que a produção quase dobrou, e a assistência técnica fez toda a diferença, ela mudou a situação dos meus ervais. A erva-mate representa tudo na minha vida. Comecei há quase 45 anos e significa o pão de cada dia, é o meu ouro verde”, afirma o produtor de erva-mate Ambrósio Openkoski.
