Rural

Ensaio de cultivares da soja aponta impactos da enchente

Estudo em parceria da Farsul com a Fundação Pró-Sementes revela que escolha da genética certa pode fazer produtor faturar R$ 2 mil a mais por hectare

Foto : Odarlan Mapelli/Senar/RS/Divulgação/CP

A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) lançou nesta terça-feira a 15ª edição da revista ECR Soja 2023/2024, desenvolvida em parceria com a Fundação Pró-Sementes, tendo como apoiadores o Senar/RS e a Bayer. O estudo analisou, na última safra de verão, o desempenho de 35 cultivares da oleaginosa em experimentos implantados nas principais regiões produtoras do Estado. De acordo com a agrônoma Kassiana Kehl, gerente de pesquisa e desenvolvimento da fundação, os resultados deste ano foram fortemente influenciados pela quantidade de chuvas em diversas regiões gaúchas, pelas inundações e pelo surgimento de áreas acometidas pela ferrugem asiática, doença das plantas favorecida pela umidade.

Das cultivares avaliadas, a campeã de produtividade foi a CZ15B20i2x, implantada em São Luiz Gonzaga, que atingiu a marca de 103 sacos por hectare em ciclo precoce. O menor desempenho foi registrado em cultivar de ciclo médio/tardio, em Júlio de Castilhos, em material que resultou na colheita de 28 sacos por hectare.

Uma das análises presentes no ECR Soja 2023/2024 considera a região produtora de Passo Fundo, onde entre as cultivares de maior e menor desempenho há uma diferença de 19 sacos de colhidos. O cálculo demonstra que a escolha da tecnologia certa pode oferecer ao produtor um ganho de até R$ 2 mil por hectare. "A grande amplitude de produtividade que registramos, variando de 1.657 kg/ha a 5.704 kg/ha, destaca os desafios enfrentados pelos sojicultores nesta safra. Longos períodos de chuvas, em especial nas áreas de várzea e a forte pressão de ferrugem asiática no norte e noroeste do estado, afetaram significativamente o potencial das cultivares", analisa Kassiana.

Mesmo com os problemas climáticos, a cultura da soja vem apresentando um desempenho estável nos últimos 12 anos, com produtividades na maior parte dos anos acima dos 2.500 quilos por hectare. O resultado do ciclo 2023/2024, onde a produtividade média rondou 2.900 quilos por hectare, foi o sexto melhor dentro do período avaliado.