Olhares estão atentos à preparação da 46ª Expointer

Olhares estão atentos à preparação da 46ª Expointer

Primeira mulher a gerir o Parque de Exposições Assis Brasil, Elizabeth Cirne-Lima acredita no poder de organização e na harmonia do grupo que trabalha para fazer acontecer a maior feira agropecuária do RS

Nereida Vergara

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Pelo segundo ano consecutivo, a pecuarista e professora universitária licenciada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Elizabeth Cirne-Lima vai comandar a Expointer. A 46ª edição da maior feira agropecuária gaúcha ocorre de 26 de agosto a 3 de setembro, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e já parte de uma base de comparação altíssima. No ano passado, a exposição quebrou todos os recordes. Somente em máquinas e implementos agrícolas, vendeu quase R$ 7 bilhões; a soma de público em nove dias de evento ficou em torno de 800 mil pessoas; a agricultura familiar teve um faturamento histórico, de R$ 8 milhões. Como então conceber uma nova feira nos mesmos patamares? Segundo Elizabeth, aprimorando os acertos e corrigindo o que não saiu de acordo com o planejado em 2022, e contando com a preciosa colaboração das entidades co-promotoras e com o tradicional interesse pela exposição por parte dos produtores e da comunidade gaúcha.

Subsecretária, já estão em andamento as licitações para a contratação dos serviços necessários à Expointer?

Estamos bem adiantados no processo. Adotamos novamente a metodologia de licitação em eixos. O modelo foi utilizado no ano passado e facilitou bastante nossas tarefas. Nele, nós agrupamos uma série de aquisições e contratações temporárias. Assim, facilitamos as operações da Subsecretaria da Administração Central de Licitações (Celic), que, antes deste formato ser concebido, segundo a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, a Celic chegava a receber 60 processos licitatórios em período de Expointer. A primeira etapa é onde a empresa se habilita para prestar os serviços ao governo e a segunda é, propriamente dita, a escolha entre as propostas que nos são apresentadas. Devemos chegar ao final de julho com a maior parte, senão todos, dos serviços contratados.

Quais são os eixos que estão sendo licitados?

Basicamente, três eixos. Um é o estrutural, que engloba a bilheteria e a operação dos estacionamentos. Outro é a contratação de terceiros, funcionários para limpeza e montagem de estandes, entre outros. E o outro é o do coleta de dejetos (manejo do lixo e dos dejetos de animais). Estes são serviços que o Estado desembolsa, mas há também aqueles em que as empresas pagam para o Estado pelo direito de atuar no Parque de Exposições, como são os casos do parque de diversão e dos voos de helicóptero.

Como a Expointer de 2023 parte de uma régua de comparação muito alta, frente aos números históricos registrados no ano passado, a senhora acredita que o desempenho da feira deve se repetir, mesmo sem o impulso do pós-pandemia e do processo eleitoral que se viveu em 2022?

Quando iniciamos os trabalhos para a exposição deste ano, era a grande pergunta: será que vamos conseguir repetir o sucesso de 2022? No ano passado, tivemos um grupo que trabalhou em perfeita harmonia, num evento que teve a visitação média diária perto das 100 mil pessoas, sem praticamente nenhuma intercorrência negativa. Mostramos integração e comunicação entre os grupos de trabalho, que conseguiram não apenas atender todas as necessidades, mas antecipar os problemas. Eu acho que foi esse um dos grandes méritos do ano passado. A gente conseguiu estar na ponta, presente em diferentes espaços dentro do parque. Contamos de novo com a mesma equipe. Mas além disso, observamos que o resultado excepcional das feiras agropecuárias realizadas neste ano, no primeiro semestre (Expodireto, Afubra, Agrishow, entre outras), é indicativo de que poderemos repetir um grande evento, tentando atender da melhor maneira possível e preparar o parque da melhor maneira possível para receber o público, pelo menos um público semelhante ao do ano passado. 

Para manter o padrão de atendimento estão sendo implantadas melhorias?

Estamos fazendo melhorias nas redes elétrica e hidráulica e reorganizando os acessos ao estacionamento. O parque já está praticamente lotado com os parceiros que estão investindo como a gente. Me chamou atenção, desde o ano passado, como as empresas e instituições têm caprichado em seus espaços para atender melhor seus clientes e o público em geral. Um exemplo destes investimentos é o que está fazendo a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), que reformula totalmente o seu complexo, com cobertura da pista de provas que abriga o Freio de Ouro. Isso vai tornar o local muito mais bem equipado para as provas e para o público que comparece. Melhorar o acesso, e entender o que as pessoas querem, acho que é uma consequência do período que vivemos na pandemia. Temos um parque com 50 anos, estamos atualizando ramais de fornecimento de água e luz e contando com a parceria do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers).

O produtor que traz seus animais à feira vai poder contar com alguma melhoria direta? 

Sim. Uma novidade muito bacana. Estamos reformando todo o pavilhão de bovinos de corte, que também abriga os ovinos que são levados à exposição. Foi a partir dali que a Expointer se iniciou no Parque Assis Brasil. Foi o primeiro pavilhão construído, em 1970. Vai estar completamente renovado e vamos entregar um pavilhão novinho em folha para receber as estrelas da exposição.

O número de animais deve cair neste ano, especialmente em razão do veto à presença das aves, pela limitação sanitária da influenza aviária, não é? 

Acho que a ausência das aves vai ser a única nota negativa por conta da pecuária na nossa projeção. E os criadores estão muito tristes de não poder trazer seus exemplares. Por isso, estão sendo estudadas outras formas de participação, por meio de banners e vídeos, por exemplo.

No ano passado, a senhora se instalou e ficou morando no parque até a abertura da exposição. Essa prática vai se repetir neste ano?

Sim, há uma economia de tempo e uma maior eficiência no acompanhamento das obras. Por enquanto, ainda não está sendo necessário, mas quando estiver mais perto ficarei, com certeza. Eu me instalo num prédio que antigamente era chamado de casa do administrador, porque não existia a figura do subsecretário e sim um diretor permanente. “O olho dono é que faz o negócio crescer”, diz o ditado.

Já há data e local para lançamento da feira?

Teremos em breve. Mas é importante ressaltar que vamos rever o modelo de cerimônia realizada no ano passado (no Palco Multiverso do Embarcadero). Foi uma experiência interessante, por ser um ambiente moderno. Mas realmente deixamos de entregar algumas informações que eram entregues nas cerimônias tradicionais e que são necessárias. Por isso, estamos estudando onde e como fazer o lançamento.

Construído em 1970, o Pavilhão de Gado de Corte do Parque Assis Brasil há tempos não passava por uma reforma, mesmo recebendo mais de mil animais durante o evento, entre bovinos e ovinos. Neste ano, garante a subsecretária do parque, o espaço das estrelas da Expointer será entregue totalmente remodelado. | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória.

Com a utilização do método de licitação em eixos, o processo de contratação de serviços terceirizados, como a bilheteria, está mais adiantado que em 2022. | Foto: Alina Souza / CP Memória. 

Faltando pouco mais de um mês para a exposição, administração do parque executa obras em várias frentes, dos galpões às redes elétrica e hidráulica. | Foto: Matheus Piccini / CP Memória.

Serviço

Quando: 26 de agosto a 3 de setembro;

Onde: Parque de Exposições Assis Brasil, Esteio;

Ingressos:

R$ 16,00 inteira;

R$ 8,00 (meia);

Idosos com 60 anos ou mais e pessoas com deficiência pagam meio ingresso;

Crianças menores de seis anos terão gratuidade;

Estacionamento para visitantes: R$ 40,00;

Números:

Animais: R$ 12.513.824,00;

Artesanato: R$ 1.520.000,00;

Comércio: R$ 34.193.720,78;

Agroindústria Familiar: R$ 8.106.105,43;

Máquinas e Implementos agrícolas: R$ 6.598.853.022,00;

Automobilístico: R$ 490.961.814,00.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895