Painel na Expointer destaca os Caminhos para Produção do Leite Competitivo e Sustentável

Painel na Expointer destaca os Caminhos para Produção do Leite Competitivo e Sustentável

Evento contou com palestrantes como o professor da Ufrgs, Paulo César de Faccio Carvalho, e o representantes do Sebrae-RS e apresentou um case de sucesso

Correio do Povo

Painel mostrou que existem alternativas para superar a crise na produção de leite no Brasil e no Rio Grande do Sul

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O painel Caminhos para Produção do Leite Competitivo e Produção Sustentável foi realizado nesta sexta-feira, no Pavilhão Internacional da Expointer. Entre os palestrantes, a coordenadora setorial do Agronegócio do Sebrae-RS Aline Balbinoto, e o professor da Ufrgs e coordenador técnico do projeto Produção Integrada de Sistemas Agropecuários (Pisa), Paulo César de Faccio Carvalho, fizeram uma apresentação de como os produtores podem contornar a crise baseados nos ensinamentos obtidos em anos de pesquisa e estudo.

“O painel apresentou os pilares técnicos que hoje temos no Estado à disposição para os produtores para seguirem esses caminhos, no sentido de produzir mais e serem rentáveis, mas terem impacto ambientais positivos, como sequestro de carbono, mitigação de gases e coisas deste tipo. Já temos vários casos de produtores no campo adotando essas tecnologias. Existe todo um conjunto de instituições, que envolve o Sebrae, o Semar, a Farsul, cooperativas, a universidade e a Secretaria do Estado, que promove este evento. Essas pessoas estão todas juntas promovendo o caminho sustentável e apresentando um case de produtor que vem desenvolvendo todas essas práticas, sendo competitivo e rentável. Vendendo o seu próprio produto e valorizando dele desta forma”, revelou o professor Carvalho.

No evento, foi apresentado um case de um casal de Soledade que está obtendo excelentes resultados utilizando o que aprenderam com o Pisa.

“Não que o preço não seja importante, mas quando você tem custo baixo e alta rentabilidade, você não irá se preocupar com o preço o tempo todo. O produtor não tem gerência sobre preço. Ele tem que se preocupar com o que pode fazer dentro da porteira. O que mostramos aqui é que é possível trabalhar com o custo baixo, produtividade alta, pois mostramos os caminhos para isso. Quando isso é feito, o peso do preço é muito menor do que hoje os produtores de forma geral sentem”, concluiu o professor Carvalho.

A coordenadora setorial do Agronegócio do Sebrae-RS, Aline Balbinoto, falou sobre a importância do Pisa para superar as dificuldades. “O preço é imposto pelo mercado. O produtor não tem nenhuma ação em cima disso, mas a metodologia do Pisa é uma das alternativas para que os produtores consigam produzir o leite com o custo menor”, disse.

Aline ainda destacou que a troca de experiência entre os que fazem o Pisa é fundamental para que todos cresçam e aumentem as suas produções. “Eles estão muito bem, crescendo e evoluindo porque sabem fazer o tema de casa, sabem a hora de acelerar, onde investir e sobre a alimentação dos animais”, disse.

O Sebrae identificou que muitas vezes é difícil o conhecimento chegar na casa do produtor de uma forma simples, que ele entenda. Por isso, o papel da instituição é fazer essa conexão, com base na metodologia, e levar capacitação para a aplicação de técnicas dentro das propriedades. “A propriedade rural é uma empresa, e a gente ensina que o produtor olhe dessa forma. Que o negócio tem que ter gestão, fluxo de caixa, ser competitivo e para crescer de forma sustentável.”

O Sebrae-RS orienta aos produtores interessados em fazer o Pisa que entrem em contato com os escritórios mais próximos das suas cidades, acessem o site da instituição ou através do telefone 0800.570-0800.

O casal Tadeu e Eloiza Debona, da agroindústria The Intenso Laticínio, receberam um certificado pela qualidade na aplicação dos ensinamentos que receberam no Pisa - Foto: Carmelito Bifano / Especial / CP

The Intenso aprende do com Pisa e transforma a dificuldade em ganhos

Durante o evento, o casal Tadeu e Eloiza Debona, da agroindústria The Intenso Laticínios, Boqueirão do Butiá, no interior de Soledade, falaram sobre a importância de terem participado do curso de Produção Integrada em Sistemas Agropecuários (Pisa) para o aumento da produtividade com baixo custo. Após casarem, o pai de Tadeu cedeu 13 hectares para ele iniciar a produção com leite, baseado nos ensinamentos que aprenderam desde cedo com os avós e a família. Porém, obtinham de 12 a 14 litros de leite por vaca/dia. Sem os ensinamentos do Pisa, começaram a perder animais e buscaram no curso De Olho na Qualidade do SebraeRS como ampliar a sua produção.

No decorrer das aulas, o professor falou sobre o Pisa, eles foram até Água Santa conhecer o curso e voltaram maravilhados com a possibilidade de ampliar o patamar da produção e pediram para o Sebrae para trazê-lo para Soledade. Com o acompanhamento dos instrutores do Sebrae e com o que aprenderam a produção atingiu um pico de 34 litros por vaca/dia e hoje está em 29 litros.

Em 2018, com a greve dos caminhoneiros e sem poder escoar a produção, buscaram no queijo uma alternativa para não jogar no lixo o leite. Após venderem para amigos e terem aprovado o queijo, eles passaram a comercializar os produtos nos mercados da cidade e em feiras. Agora, o casal busca a liberação para vender em todo o Estado. Hoje, além do leite e queijo, a agroindústria produz e vende iogurte natural, morango e frutas vermelhas, além de doce de leite. O crescimento só foi possível com o aprendizado que tiveram no Pisa.


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