Produtores rurais fazem ato dia 4 para clamar por ajuda para trabalhar após a catástrofe
SOS Agro RS deve reunir milhares de pessoas e políticos em ato no Parque da Fenarroz, em Cachoeira do Sul

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Produtores rurais de todo o Estado estão organizando para o que promete ser um ato histórico esta semana, reunindo dezenas de milhares de pessoas no Parque da Fenarroz, em Cachoeira do Sul. O objetivo do movimento SOS Agro RS, que se declara apartidário e acima de interesses político-partidários, é mostrar que o campo tem pressa por soluções para os prejuízos causados pelas cheias de maio e para as dívidas remanescentes das últimas temporadas afetadas pelas estiagens.
“Temos urgência para resolver a questão do endividamento do produtor rural. Daqui a um mês, ele terá de colocar as máquinas no campo para trabalhar (nas culturas de inverno), mas temos muitas máquinas destruídas. Como o produtor vai trabalhar, estando em dinheiro, endividado e com a máquina quebrada? Temos urgência”, clama um dos organizadores do movimento, o produtor rural Lucas Scheffer.
O grupo está convidando autoridades para ouvirem o pedido de socorro. O movimento tem expectativa, ainda não confirmada, da presença dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Pimenta (da Reconstrução), além de participação certa de deputados estaduais e federais e senadores. Nesta terça-feira, o grupo terá audiência com o secretário da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Clair Kuhn. “Vamos cobrar também a presença do governador Eduardo Leite”, diz Scheffer. Sindicatos rurais de diferentes regiões estão organizando caravanas para levar os agropecuaristas.
A diretoria da Federação da Agricultura do RS (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) já confirmaram apoio. Também são esperados representantes de outras entidades representativas da agropecuária e de sindicatos rurais do Estado. O SOS Agro RS defende o engajamento pacífico e diz que não serão permitidas bandeiras no evento e nem bebidas alcoólicas.
A programação em Cachoeira do Sul terá palestras e discussões sobre os desafios e as perspectivas para o agro e diálogo com autoridades. Em manifesto replicado em grupos de whatsapp que contam com milhares de participantes, os produtores querem a oportunidade de expor suas necessidades. “O movimento buscará o compromisso das autoridades com medidas concretas que auxiliem na recuperação das áreas afetadas pelas intempéries e na retomada das atividades agrícolas” , diz o documento.
O ato em Cachoeira do Sul ocorrerá um dia após o lançamento do Plano Safra 2024/25, que deve ocorrer no dia 3. O atraso no anúncio também tem causado apreensão aos produtores rurais. O setor espera por um Plano Safra diferenciado para o Rio Grande do Sul em razão dos estragos causados pelas cheias., com perspectiva de alongamento dos prazos de pagamento do custeio e com aumento de recursos para seguro agrícola.
O movimento
Veja o manifesto que circula nas redes sociais:
"Nosso objetivo é o direito para os produtores, totalmente pacífico, buscando defender os produtores:
- Unindo os produtores rurais em uma frente unificada em prol dos interesses e direitos dos produtores da agricultura e pecuária e toda sua cadeia produtiva no estado do Rio Grande do Sul.
- Inclusão e representatividade – Todos os produtores, independentemente do porte ou especialização (seja na agricultura familiar, pequena, média, grande, do setor leiteiro, pecuária, orizicultura, uva, piscicultura, apicultura, soja, hortaliças, fruticultura, toda a cadeia produtiva, etc.), são essenciais e bem-vindos.
- Apartidarismo e foco no produtor – Nosso movimento é apartidário, sem uso de quaisquer bandeiras, centrado nos desafios e necessidades dos produtores, acima de quaisquer interesses políticos. Todo aquele que tiver interesse contrário, pedimos que se retire voluntariamente, e se, identificado, será retirado do grupo e responderá por quaisquer atitudes que não sejam as do objetivo do grupo. Buscamos aqui renegociação de dívidas que os produtores já vêm sofrendo primeiro com a seca dos últimos 3 anos e por último as chuvas que devastaram parte de nosso Estado. Se esse não for seu objetivo ou não concordar com estas regras pode se retirar do movimento SOS Agro RS.
- Apoio à Farsul – Comprometemos-nos integralmente com as demandas e propostas apresentadas pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
- Defesa da agricultura e pecuária e de toda sua cadeia produtiva – Nossa missão é assegurar que as políticas públicas atendam efetivamente às demandas da agricultura e pecuária gaúcha, garantindo sua viabilidade e crescimento sustentável.
- Transparência e democracia – Todas as decisões do movimento serão tomadas de forma transparente e democrática, assegurando a participação igualitária de todos os membros.
- Mobilização responsável – Nosso engajamento será sempre pacífico e responsável, respeitando integralmente as leis e regulamentações vigentes.
- Diálogo e negociação – Priorizamos o diálogo contínuo com autoridades e instâncias pertinentes, buscando a negociação como principal meio de alcançar nossos objetivos.
- Respeito e solidariedade – Celebramos a diversidade de opiniões e experiências entre os produtores, promovendo um ambiente de respeito mútuo e solidariedade.
- Compromisso com o futuro – Assumimos o compromisso de trabalhar incansavelmente pelo futuro próspero da agricultura e pecuária no Rio Grande do Sul, garantindo sua sustentabilidade para as gerações vindouras.Queremos possibilitar a permanência dos agricultores no setor e assim contribuir para reerguer o Estado do Rio Grande do Sul.”
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