SOS Agro RS organiza produtores para nova mobilização na sexta-feira, em Rio Pardo
Produtores rurais cobram respostas do governo federal para quadro de endividamento
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A preocupação da agropecuária gaúcha com o endividamento e o anseio por respostas do governo federal motivam uma nova mobilização de produtores rurais esta semana. O movimento SOS Agro RS está convocando o setor para participar de ato na próxima sexta-feira (19), a partir das 10h30min, no parque da Afubra, em Rio Pardo. O setor espera que a União apresente uma solução para as dívidas de crédito rural, já que o Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou ainda em maio a prorrogação emergencial das parcelas com vencimento entre os 1º de maio e 14 de agosto. Sem nova sinalização do governo, os produtores temem ficar inadimplentes a partir do dia 15 e não ter crédito para financiar a próxima safra e a reconstrução do que foi perdido nas enchentes.
O SOS Agro RS realizou um ato no dia 4, em Cachoeira do Sul, e entregou carta de reivindicações aos ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta. A pauta de reivindicações tem como prioridade a prorrogação de parcelas de dívidas de custeio, investimento e comercialização por 15 anos, com 3% de juros e dois anos de carência, reivindicação defendida pela Federação da Agricultura do RS (Farsul). Após a manifestação, o grupo planejava fazer outro ato em Porto Alegre, mas acabou tendo de optar por Rio Pardo.
Relato de perdas
Um dos integrantes do movimento, o produtor rural Alfredo Borges, de Lavras do Sul, narrou aos colegas o seu drama. Ele planejou a safra 2023 /2024 com base em previsões climáticas e aplicou os próprios recursos em plantio de soja. “Foi o ano em que investi bastante prevendo uma colheita melhor, inclusive custeei 70% da lavoura com recursos próprios”, disse. Ao final do ciclo, depois de enfrentar uma sequência de dias chuvosos, a produção desabou de 48 sacas na safra anterior para a média de 21 sacas por hectare.
“Perdi meu investimento, fiquei devendo à cooperativa, coisa que jamais tinha me acontecido, e, pior, fiquei sem caixa. Agora estou pensando como planejar a próxima safra, sem dinheiro, já que o que investi não retornou. A solução pode ser vender patrimônio, enterrar mais meio milhão de reais e ficar olhando para o céu, buscar crédito sem tê-lo ou vender tudo e recomeçar em outro tipo de negócio?”, desafaba.
Os organizadores já têm a participação confirmada de caravanas de vários municípios gaúchos. Sindicatos rurais, empresas, cooperativas e entidades representativas do setor estão sendo estimuladas a alugar ônibus para transportar agricultores até Rio Pardo.