STF rejeita pedido de suspensão de leilão do arroz

STF rejeita pedido de suspensão de leilão do arroz

Ministro André Mendonça deu prazo de cinco dias para Palácio do Planalto explicar a compra do cereal importado

Poti Silveira Campos

Irga assegura que 84% da safra 2023/2024 foi colhida antes da tragédia climática

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O leilão para compra de 300 mil toneladas de arroz, a ser realizado nesta quinta-feira, 6, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), gerou uma disputa judicial entre o Palácio do Planalto e produtores. Duas decisões foram anunciadas em diferentes cortes da Justiça ontem. Em Brasília, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou o pedido da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para suspender o procedimento. Em contrapartida, o magistrado deu prazo de cinco dias para o governo explicar a aquisição do cereal.

Mendonça considera necessário avaliar a manifestação do Planalto antes de dar prosseguimento à demanda da confederação. O prazo de cinco dias é concedido à Presidência da República, aos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura e da Fazenda e ao Comitê-executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior. O magistrado salientou que o leilão pode ser invalidado pela Justiça posteriormente, sem prejuízo imediato, uma vez que a entrega do produto está prevista para setembro.

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Enquanto Mendonça tomava a decisão na Capital Federal, o juiz Bruno Risch, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, aceitava pedido de liminar, protocolado por parlamentares, para suspender o leilão. O pedido foi apresentado pelos deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS) e Lucas Redecker (PSDB-RS), e pelo deputado estadual Felipe Camozzato (Novo-RS).

Para Risch, o agendamento do leilão é prematuro, "tendo em vista a ausência de comprovação de que o mercado de arroz nacional sofrerá o impacto negativo esperado pelo governo federal" em razão das enchentes no Rio Grande do Sul. Em nota, a assessoria de imprensa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que a Advocacia-Geral da União (AGU) está trabalhando nas medidas cabíveis para recorrer contra a decisão de Risch.

Abastecimento garantido

A compra pública de arroz importado e beneficiado pelo Executivo tornou-se uma queda de braço entre setor produtivo e governo federal. O Ministério da Agricultura e a Conab alegam que a medida visa frear aumento especulativo dos preços do cereal no país, em decorrência de eventual desabastecimento depois das chuvas e enchentes ocorridas em maio no Rio Grande do Sul. O Estado responde por 70% da produção nacional de arroz. Conforme edital da Conab, o arroz tipo 1, longo, fino seria adquirido em pacotes de cinco quilos, embalado no país de origem com a logomarca do governo federal e comercializado ao consumidor final com preço tabelado de R$ 4 por quilo. A Conab está autorizada a gastar R$ 2,53 bilhões na operação.

O Rio Grande do Sul completou 84% da colheita antes de ser atingido pelo desastre climático. De acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), com cerca de 7 milhões de toneladas do grão estocadas, a possibilidade de desabastecimento está afastada. Na avaliação da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o tabelamento do arroz poderá causar uma queda de até R$ 442 milhões na arrecadação do ICMS gaúcho.


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